júri da kiss

Um 2021 nada reconfortante para o caso Kiss

Ao completar oito anos da maior tragédia do Estado, o incêndio da boate Kiss traz um horizonte de dúvidas e, o pior de tudo, de uma indefinição que flerta com o receio maior de qualquer pai e sobrevivente daquela madrugada dantesca: a prescrição de crimes por parte dos quatro réus.

Desde que Santa Maria foi acometida por uma combinação de inoperância do poder público, irresponsabilidade no manejo de um artefato dentro de um ambiente fechado atrelada à ganância empresarial, o saldo não ficou apenas em 242 jovens mortos ao inalar uma fumaça tóxica e aos mais de 600 sobreviventes que carregam alguma sequela daquela noite. Uma outra herança do pós-Kiss ainda nos ronda, a indiferença de parte de uma sociedade que dá de ombros ao que aconteceu.

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Desde que o tribunal do júri foi levado de Santa Maria para Porto Alegre, ao atender a um pedido das defesas dos réus, dá para dizer, sem grande margem de erro, que ficou "no ar" uma sensação de alívio ao tirar esse fardo das costas da cidade.

Infelizmente, para alguns, a Kiss virou sinônimo e o álibi perfeito para justificar os insucessos e o retrocesso econômico de um município que parou no tempo e que tem dificuldade em fazer as coisas acontecerem.

Santa Maria é uma cidade que pensa, fala e projeta muito. É, mais ou menos, como aquele retórico, que carrega consigo um cabedal de conhecimento, mas, que quando confrontado com a prática, e a necessidade de colocar em prática tudo que sabe, pouco ou nada faz.

A empatia tão evocada e entoada como mantra, em textões de rede social, não passa em frente ao endereço da casa noturna queimada que ainda resiste na Rua Dos Andradas, eternizada como a "Rua da Kiss".

MÁ-FÉ
A tragédia tem sido usada para dizer que "depois da Kiss" tudo ficou difícil para quem quer empreender. Uma mentira tão absurda quanto quererem culpar os jovens por estarem na boate naquele noite de sábado de verão. Santa Maria deve manter na memória e na história do município o que aconteceu naquele 27 de janeiro de 2013 sob pena de ter enterrado junto aos jovens mortos qualquer vestígio de civilidade e de humanidade que a cidade ainda tenha.

ALIÁS...
Não há sequer, até o momento, a definição de quem será o juiz que conduzirá o julgamento dos quatro réus na capital gaúcha. Uma situação que não deixa apenas os pais e familiares e sobreviventes da tragédia apreensivos, mas, sim, também os próprios réus. Até porque eles anseiam por um desfecho, seja ele qual for. 

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