Foto: Renan Mattos (Diário)
Universidade Federal de Santa Maria contabiliza contingenciamentos orçamentários desde a época da então presidente Dilma

A estrutura pública é um ralo de desperdício público: inoperante, obsoleta e ineficiente. Assim são as prefeituras, Legislativos e, inclusive, Judiciários de norte a sul do país. Os governos Lula e Dilma fizeram e aconteceram - de forma irresponsável - empregando dinheiro e dando empréstimos, via BNDES e tantos outros recursos públicos, para amigos e empresários. Sem dizer o rodo da corrupção, desbaratado pela Lava-Jato via Petrolão, que varreu o país para o poço da recessão e em que seguimos.
Extinção de FGs representa economia de 1% do orçamento da UFSM
Agora, a gestão de Jair Bolsonaro - e, já antes, no mandato-tampão de Michel Temer (MDB) - colocou uma lupa em vários ministérios, autarquias, serviços e se verificou o óbvio: o dinheiro é, e como sempre foi, utilizado de forma a beneficiar certos segmentos (amigos do rei) e jogado na vala da corrupção, tão arraigada ao estamento público.
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Sem dourar a pílula ou jogar para a plateia, o Ministério da Economia tem dado a real dimensão do problema em que o país se encontra. E o mais importante: que sem um crescimento fiscal responsável seguirá patinando ou, no máximo, tendo um voo de galinha. Mas há, porém, necessidade de meio-termo e de fazer com que a régua adotada não comprometa aquele que é o berço de onde nascem, repousam e se criam as grandes ideias e invenções que mexem com o mundo moderno: as universidades com seus braços para fomento à tecnologia, à inovação e ao empreendedorismo.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é, de longe, a maior "empresa" da cidade. Aliás, com um orçamento de mais de R$ 1 bilhão, a instituição movimenta a economia local ao empregar funcionários públicos federais e, principalmente, ao formar e ofertar mão de obra valorosa e que ganha o Brasil e o mundo todo ano. Mas por trás desses cérebros, aqui lapidados, há uma estrutura que resguarda toda a instituição: os seus funcionários e que estão à frente de cargos de direção, coordenação de cursos, e que, entre tantas outras funções, cuidam de demandas como gerenciamento de documentos (inscrição de alunos), acompanhamento de processos (licitatórios, entre eles) e controle interno. Ou seja, há toda uma capilaridade para resguardar o funcionamento ininterrupto da universidade em suas mais variadas frentes.
A UFSM se prepara, agora, para até o dia 31 deste mês - quando expira o prazo para o decreto federal - promover a extinção de 354 FGs. Atentem a um detalhe: a economia será de R$ 65,5 mil/mês ao orçamento da universidade (R$ 787,1 mil/ano). Conforme a pró-reitoria de Gestão de Pessoas, o montante a ser economizado é 0,08% da folha de pagamento dos servidores. A efeito de comparação, segundo a pró-reitoria, a folha com servidores (ativos e aposentados) foi de R$ 83,4 milhões no mês de maio.
Obviamente que a União, ao se valer deste decreto, o faz porque deve ter mapeado universidades que estejam inchadas e ociosas e que não cumprem com o seu papel de entrega de pesquisa aplicada à sociedade. O que não é o caso da UFSM. A universidade, nos últimos anos, tem cada vez mais se mostrado aberta e, diferentemente de um passado recente, sido mais atuante. Exemplos são as empresas incubadas e que ganham o mercado nacional e internacional. Jovens talentos e empreendedores que com suas criatividades são notícia pela fagulha do empreendedorismo que, em um país tão burocrático, é tarefa hercúlea se jogar nas ondas desse mar revolto.
Podem dizer que a UFSM é espaço de manifestações de esquerda e realmente é. Ainda mais verdade é que visões e opiniões liberais, que sejam mais à direita do espectro político, também são vistas com repulsa por marxistas de cátedra. Mas a ambiência de uma universidade se dá assim: com o contraditório e, mais, com respeito. Fato também que a reitoria, recentemente, jogou contra a imagem da instituição ao ser palco para uma das mais patéticas manifestações político-partidárias, quando Lula, no ano passado, pisou no campus da universidade e promoveu um circo eleitoreiro. Igualmente verdadeiro é que a UFSM já foi usada em um esquema fraudulento envolvendo o governo do Estado na confecção de carteiras de motoristas com o uso de fundações via universidade, na chamada Operação Rodin.
Erros e episódios que, como em qualquer instituição infelizmente, acontecem. O tempo, ainda bem, cuida de reparar essas máculas. O fato é que a UFSM criada pelo visionário José Mariano da Rocha, um homem de conduta ilibada e que tive o prazer de conhecer, não comporta uma redução da sua grandeza e da sua importância.