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A quem interessa a desconstrução da jovem Tabata?


A esquerda brasileira é autodestrutiva. Desde a ascensão do lulopetismo sempre foi e, até hoje, tem sido assim. Entre tantos nomes que a esquerda já impôs ao país com candidatos-postes - tendo o ícone deles a ex-presidente Dilma Rousseff -, a esquerda segue tateando no escuro com uma esquizofrenia que lhe é própria: incapaz de fazer qualquer aceno de mea-culpa por toda a recessão em que enclausurou o Brasil. Prova dessa falência múltipla de mobilização é que mesmo que se diga que o governo Bolsonaro está há seis meses "à deriva", ela sequer conseguiu impedir a aprovação, em primeiro turno, da reforma da Previdência.

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Aliás, uma pauta vital e imprescindível para a retomada de um crescimento fiscal responsável que o Brasil não tem e que os governos FHC, Lula e Dilma foram incapazes de viabilizar. E tão ou mais importante é que faltou, aos antecessores de Bolsonaro, disposição de colocar um tema tão delicado, espinhoso e impopular na mesa e, principalmente, na largada do governo. O mandato-tampão de Temer deu o start e, agora, se busca fazer a travessia por completo desse caminho que se mostra irreversível.   

Nestes seis meses da gestão Bolsonaro, a esquerda mostra que perdeu a capacidade de liderar e de pautar a opinião pública e, principalmente, de mostrar que conta com quadros sensatos e que pensem fora da caixa da cegueira política. Mas em um ponto seguem experts: em desconstruir imagens. O mais recente bode expiatório é a jovem e promissora deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) - alvo número um de ataques da extrema-esquerda e de outros tantos que veem nela uma ameaça, justamente por ser um nome que não é colado a nenhum cacique partidário. 

Em entrevistas, ela se coloca como uma "progressista" e tem se mostrado como uma figura emergente da centro-esquerda. E de fato ela é um nome notável. A notoriedade, que viralizou em redes sociais, veio com a repreensão - com propriedade - dada ao então ministro da Educação, Ricardo Vélez, durante audiência na Comissão da Educação, sobre a falta de metas e de prioridades do MEC. Logo depois, ele seria ceifado da pasta. 

Agora, ainda na semana passada, de forma responsável e sensata, ela deu o seu "sim" à aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno, na Câmara Federal. Algumas horas depois, as redes sociais passaram a ser a arena do linchamento da parlamentar que, de forma precisa e pontual, disse "não ser um 'sim' ao governo", mas um passo importante e possível a um crescimento responsável que o Brasil precisa percorrer. Até porque tem de ser muita má-fé dizer que essa é uma reforma do governo, uma vez que o texto original foi, sim, desidratado. Mas, não esvaziado e rechaçado como pretendia a esquerda.

No twitter da congressista, ela reiterou - sem se valer de números maldosamente manipulados (como muitos colegas dela o fazem para dizer que a reforma não é necessária) - que votou "pelo futuro do país" e "não olhando para o próximo processo eleitoral". 

Agora, o partido em que ela é filiada, o PDT, um ninho de cobras criadas e que vive à sombra e preso às correntes do brizolismo, quer execrar a jovem política de 25 anos. Nesta lista, figuram o ex (e sempre) presidenciável Ciro Gomes - que prometeu limpar o nome dos brasileiros do SPC - e Carlos Luppi, presidente nacional da sigla, exonerado do Ministério do Trabalho no então governo Dilma por denúncias de irregularidades na pasta, ambos apontam o dedo contra a congressista. 

O PDT que, mais uma vez, tenta se mostrar uma alternativa ao PT, perde a oportunidade de se renovar e de mostrar que desponta com um nome à margem da politicagem. Ao que tudo indica, o fato de Tabata ser cofundadora de dois movimentos nacionais - o Mapa da Educação e o Acredito - em nada importa para o partido. Esse corpo estranho dentro do PDT não teria mesmo como seguir imune a uma contaminação tóxica da velha política. Espera-se que novos ares, e mais saudáveis, aguardem a jovem Tabata.

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