licitação a caminho

Para o bem de todos, que o serviço do transporte siga nas mesmas mãos

Não sou usuário do transporte coletivo, muito menos empresário nem filho de quem detém a concessão do serviço na cidade. Mas Santa Maria irá perder muito se alguma empresa de fora vier a ganhar o processo licitatório do transporte coletivo do município. Digo isso porque acompanho, de longa data, o tema e vejo que as empresas, que estão à frente o serviço na cidade, são daqui e comprometidas com o desenvolvimento do maior município do centro do Estado.  

Leia mais colunas de Marcelo Martins 

Obviamente que não são abnegados, altruístas ou franciscanos que renunciam ao lucro e que fazem filantropia com todo o dinheiro que eles recebem por transportar santa-marienses dos mais variados extratos sociais.  

A questão da licitação sempre foi tratada como um tema proibido, uma caixa-preta. E os motivos sempre existiram para reforçar esse entendimento: a falta de uma licitação pública e que passe pelo crivo do mercado e da concorrência. Nada melhor, para ter o selo de confiabilidade e de credibilidade, que um serviço seja colocado à prova do mercado privado. Ou seja, a concorrência é sempre saudável e agregadora.  

MODELO FALHO
Empresas e pessoas quando não estimuladas e quando não se veem ameaçadas, pela concorrência alheia, ficam estagnadas, estáticas. Nessa paralisia, contudo, quem perde é o usuário do transporte público, que carece, há anos, de um serviço atrativo, conectado a uma sociedade cada vez mais moderna, e, principalmente, que funcione o mais próximo da excelência. O modelo de hoje é falho e obsoleto, até porque ele é regido por leis da década de 90.

A régua, por parte do poder público, ao longo das últimas gestões, foi uma trena com poucos centímetros. Prevalecia o mesmo entendimento: empresários faziam investimentos aqui e ali, sem grandes esforços, mas sem muita inovação. Até porque a renovação da concessão era garantida por quem estivesse no comando do Executivo municipal. Não se pode, entretanto, negar que os avanços aconteceram: aumento da frota, troca de veículos (muitos defasados e sucateados), e, ainda, alguns ônibus ganharam aparelhos de ar-condicionado para enfrentar o calor senegalês de Santa Maria. 

O serviço, que foi impactado pela pandemia ao longo de 2020, viu o número de usuários cair vertiginosamente. Nessa desproporção, as obrigações e compromissos se mantiveram. Ou seja, salários dos funcionários, tendo de ser pagos, mesmo com perda de receita, manutenção dos veículos igualmente ocorrendo. Se de um lado o coronavírus imprimiu uma letargia no andamento dos negócios do empresariado dos ônibus, por outro, as coisas seguiram o fluxo de anos anteriores. 

DIFÍCIL...
É crer que, se for o caso de uma empresa "de fora" ganhar a licitação, ela tenha um compromisso e uma preocupação para com os usuários daqui. Não morro de amores pelo empresariado do segmento, mas sabemos quem eles são e é muito fácil encontrá-los pela cidade _ seja nas reuniões de revisão tarifária ou do Conselho Municipal de Transporte. 

Aliás, até o DCE da UFSM que, historicamente, acompanha essa causa terá a vida facilitada em seguir cobrando o empresariado local. Já se for alguma empresa de fora, será complicado os cânticos dos estudantes chegarem até a matriz da nova detentora do serviço. Mas, antes de qualquer coisa, o mercado é soberano e justo. Vencerá a empresa mais habilitada e preparada. 


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Dificuldades à vista e a missão de operacionalizar a vacinação

O começo de uma lenda urbana que, enfim, sai do papel Próximo

O começo de uma lenda urbana que, enfim, sai do papel

Marcelo Martins