marcelo martins

O Natal em meio à Covid-19 e a solidão reinventada

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Estamos em meio a um Natal atípico, inseridos em uma pandemia global e confinados em meio ao medo, descrença - com certa incredulidade -, e, ao mesmo tempo, com uma eufórica expectativa quanto à vacina, que nos tire dessa tragédia. É uma época estranha e difícil, mas ainda assim previsível - até porque as pandemias e pestes são cíclicas.

O Natal que chega a todos nós, neste 2020, nos traz a possibilidade de reinvertarmos um dos sentimentos mais humanos, e, ao mesmo tempo, renegado por todos: a solidão. Neste período de pandemia em um mundo permeado por pessoas, agora divididas em online, e não mais de outra forma, o que todos mais querem é a retomada do convívio social, presencial e real.

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A pandemia veio para lembrar que a solidão não é só física, ou, ainda, que ela está apenas dentro da nossa cabeça. Ela pode ser produtiva e, igualmente, necessária (às vezes, autoimposta). A Covid-19 nos deixa, neste Natal, um outro entendimento: solidão não faz parte apenas do combo da velhice. Bem pelo contrário, jovens plugados não aguentam mais, o que era até então o mundo deles, a tela de um celular.

VARIAÇÕES
A solidão forçada pela perda do emprego e renda gerou uma outra força motriz: a de mostrar capacidade de resiliência. O desespero de alguns ao se deparar com uma doença nova e desconhecida gerou o inconformismo, que aliado à ignorância se desnudou em negacionismo. Ou seja, a negação da própria realidade.  

Reforçando a máxima do filósofo Aristóteles que já dizia que a solidão nos contempla com deuses e demônios. A solidão pode também ser frutífera, em meio ao caos e isso, aliás, não é de agora. A pandemia é global e nos assusta tanto porque estamos vivendo ela online. Não estamos tendo um relato por meio de um livro de história ou de tutoriais do YouTube.

Mas a solidão mostra ainda que quando exercida de maneira positiva e profícua se pode romper com as barreiras do obscurantismo e do fanatismo. Basta lembramos que se não fosse por mentes movidas pelo ceticismo e pela curiosidade, aliada à genialidade, como a de Galileu Galilei, estaríamos, ainda, vivendo sob o conceito de Ptolomeu onde a Terra era o centro do universo.

O Natal, enfim, chegou e está do avesso. Mas ainda assim temos capacidade de vê-lo. Se soubermos conviver com a solidão e entendermos que ela é necessária - ainda que imposta forçadamente pela pandemia - teremos aprendido algo em meio a isso tudo.


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