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Na vanguarda da tecnologia, mas no atraso da estrutura

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Na semana que passou, a UFSM formou a primeira turma do curso de Engenharia Aeroespacial da instituição, criado ainda no primeiro semestre de 2015. De uma turma inicial de 40 alunos, sete deles colaram grau. A projeção é que, no meio deste ano, outros cinco consigam completar a travessia e, assim, obter o diploma. Já para 2021, a tendência é que mais sete façam o mesmo. Ou seja, nem metade dos aprovados irá se formar. Mas a quê se deve isso?

Perguntamos ao coordenador do curso, o engenheiro eletricista formado pela UFSM André Luís da Silva, que avalia dois os principais fatores para o baixo número de formandos. O primeiro deles é o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) - que a UFSM aderiu em 2016 - e que se vale da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ofertar vagas em universidades. Já o segundo é a falta de uma base forte do Ensino Médio o que dificulta acompanhar a exigência do curso, que é essencialmente matemático. 

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- O Sisu é, disparado, o fator preponderante. Ou seja, temos alunos que, na maioria das vezes, não desejam aquela formação. Mas, mesmo assim, eles promovem uma espécie de loteria e ficam jogando com as notas para, então, ingressar num determinado curso. Aí, o resultado disso, é que eles ficam um mês, um semestre (no curso) e, depois, desistem. Soma-se a isso à falta de base de um Ensino Médio, que é de mediano a fraco, temos, então, a desistência do aluno. 

Por ser um curso que é essencialmente matemático, ele torna-se difícil a cada semestre, resume o coordenador da graduação. Mas não é só essa a dificuldade que o aluno enfrenta.

GARGALOS
Há, ainda, gargalos e barreiras impostas de cima para baixo. Quando foi pactuada a criação desse - e também do curso de Engenharia de Telecomunicações, ambos em 2013 -, o Ministério da Educação comprometeu-se a aportar recursos para obras, laboratórios e compra de equipamentos. Acontece que nenhum centavo foi liberado.       

O que foi feito? Por meio de um "malabarismo orçamentário", como define o próprio professor Da Silva, foi se buscando recursos e verbas de outros centros de ensino e de outros cursos para serem aportadas nas duas novas graduações. Assim, se conseguiu investir R$ 2 milhões em ambos (R$ 1 milhão para cada curso). Os gargalos, contudo, foram se avolumando ao longo dos cinco anos, que é o tempo de duração da graduação.

Sem espaço condizente com as reais necessidades, o curso de Engenharia Aeroespacial teve que se adaptar frente ao que tinha e, então, ficou na parte velha do Centro de Tecnologia (CT): em uma área diminuta e deficitária e, inclusive, em meio a goteiras. Esses espaços serviram de laboratórios até aqui. O curso, mesmo assim, firmou parcerias importantes com a Ala 4 (antiga Base Aérea de Santa Maria) e com o próprio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que atua desde a década de 80 dentro da UFSM.

Da Silva reforça a necessidade de espaços e de obras, para o curso, ao trazer como exemplo a doação de duas aeronaves por parte da Força Aérea Brasileira (FAB) ao curso, além de outros equipamentos que precisam de espaço para serem comportados.

INSERIDOS NO MERCADO
O coordenador destaca que, em meio às dificuldades, os formandos estão inseridos no mercado de trabalho. Ele cita que os engenheiros aeroespaciais passaram por empresas estrangeiras, como a Alemanha, e também dentro do país, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), INPE, FAB, entre outros. Além disso, há alunos empregados e em processo de trainee e de estágios no Exterior e no Brasil (na Embraer).

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