marcelo martins

Maior entrave de Santa Maria é a renda fixa do funcionalismo

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Já de largada, aos desavisados ou a quem gosta de opinar tendo como base só o título, é bom dizer que não se trata de uma crítica ao funcionalismo público de Santa Maria. O fato é que o município jamais sairá do lugar comum por um motivo: a renda fixa do funcionalismo (federal, estadual e municipal).

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É este fator que dá estabilidade e, de certa forma, deixa parte do empresariado em uma zona de conforto e o impede de "desapegar" de fórmulas e receituários antigos e já sem valia alguma. A avaliação é feita por especialistas, economistas e pessoas com trânsito no mercado financeiro. Na série de matérias que o Diário tem abordado os desafios na economia, as fontes falam em consonância que é preciso superar gargalos, romper com conceitos defasados e trilhar novos caminhos.

MUDANÇA
Prova disso é o ingresso no Ensino Superior que mudou. Foi-se a época em que o acesso a uma universidade pública ficava condicionado à UFSM (no centro do RS), à Furg ou à UFPel (ambas na zona sul) ou à UFRGS (na Capital). Tivemos, nas últimas duas décadas, um boom de instituições públicas e privadas junto ao terceiro grau. Além disso, soma-se o crédito estudantil dado a alunos que queiram entrar numa faculdade.  

Obra do Calçadão não tem garantia de ser concluída

Ou seja, não há mais aquela cultura (nem qualquer garantia) das décadas de 1980 e 1990 e, de parte dos 2000, de que o estudante virá para Santa Maria fazer o Ensino Médio visando uma vaga apenas na UFSM. Para resumir: o diploma virou, hoje, uma commodity.

VESTIBULAR 
O próprio tema do vestibular, igualmente importante, não trará a bonança do passado que parte do empresariado busca, dizem as fontes. Nem por isso deve ser menosprezado. Mas ele (vestibular) ajudaria a UFSM a ter acréscimo de receita no caixa próprio e traria reflexos, variáveis conforme o setor, à economia como um todo. Exemplo é o Liquida SM em que as famílias dos vestibulandos aproveitavam as promoções e ajudavam a alavancar as vendas. Será que o vestibular, ao voltar, imprimiria uma outra dinâmica ao comércio local? Difícil dizer. Mas poderia ser um gatilho, ainda que não uma bazuca ao desenvolvimento. Então, por que não tentar?  

Nada é de graça, nem o almoço

Claro que a universidade não deveria ter se jogado cegamente nos braços do Sisu. Ela poderia ter ido pelo mesmo caminho da UFRGS, que manteve o ingresso na proporção de 50% a 50% por meio de vestibular e Enem.

Mas a questão maior é: enquanto seguirmos vendo na indústria do contracheque a tábua de salvação, para tempos de crise e de fartura, Santa Maria dará, no máximo, um voo de galinha. Porém, desponta uma geração de empreendedores "nascidos e criados" dentro das incubadoras da UFSM, onde o conhecimento vira produtos e serviços de ponta.

Contracheque não é nem será segurança para economia
A indústria do contracheque - com a UFSM, Exército, Estado, prefeitura e o próprio Judiciário - faz de Santa Maria um grande colchão onde o dinheiro é guardado em uma nada rentável e ultrapassada poupança. Economistas e quem já esteve no mercado financeiro afirmam que é preciso diversificar a matriz produtiva. Ou seja, ampliar os próprios horizontes.  

Só assim, o município não ficará tão refém dos humores de uma economia globalizada. Mas, Santa Maria dá sinais concretos de que busca caminhos e rotas alternativas junto à economia local. A cidade tem um Distrito Industrial pujante e os setores público e privado (empresariado) já demonstram mais afinidade e proximidade para viabilizar uma ambiência atrativa junto à chamada economia criativa. Agora, é dar tempo para que os frutos apareçam. 

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Marcelo Martins