opinião marcelo martins

A verdade, gostem ou não, é que a fonte secou

Foto: Renan Mattos (Arquivo Diário)


Tradicional evento da economia alternativa e solidária, a Feira do Cooperativismo, mais conhecida como Feicoop, padece por falta de apoio financeiro. Ao menos, é o que diz a religiosa Lourdes Dill, nome forte que fez do evento algo maior do que talvez fosse a proposta inicial. Segundo ela, 2019 pode representar o fim de um ciclo. Com 25 anos de história, o mote da solidariedade e de uma via secundária à economia tradicional cresceu e chamou a atenção do país e do mundo. Uma vez ao ano, durante quatro dias, expositores de diversas partes do Brasil e de outros continentes desembarcam em Santa Maria para falar e, mais, praticar a economia solidária em contraposição ao individualismo competitivo em uma crítica direta ao capitalismo. Um viés utópico, no mínimo, mas que encontra adeptos e praticantes, ainda que em feiras.  

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O fato é que, por mais de uma década, a Feicoop experimentou e surfou na onda de governos de esquerda e, por motivos óbvios, apoiadores de tais iniciativas. Assim, irmã Lourdes Dill - uma incansável em seus propósitos, o que é reconhecido por todos - capitaneou e capitalizou a Feicoop. À época do alinhamento das estrelas em que o PT dominava o cenário político do país, União e Estado eram fiadores da feira. Assim foi nas gestões de Lula e Dilma e, claro, também no governo Tarso. Ou seja, havia aporte de recursos para a feira.

Nessa ambiência, quase simbiótica, a Feicoop virou um nicho da esquerda. Aliás, para muitos, ela já nasceu assim. Tanto é que a cada aparição de políticos fora desse espectro, os olhares sempre foram com desconfiança. Mas nada é para sempre. E, agora, na onda da extrema direita, que reconfigurou o tabuleiro político do país, a fonte de recursos secou. Não se imagina, por exemplo, que o governo federal vá injetar verba em uma feira que, entre outros, já recebeu João Pedro Stedile, um dos nomes do MST.

Sob o risco de a Feicoop não ocorrer mais em 2020, chegou talvez o momento de a Feicoop entender o que já dizia Adam Smith, considerado o pai da ciência econômica: o caminho a ser seguido está unicamente no livre mercado, sem paternalismo ou dirigismo de governos intervencionistas. Ou seja, é preciso caminhar com as próprias pernas.

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