marcelo martins

A importância de todos, dentro dos seus espaços, fiscalizarem

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Existe um bordão no jornalismo que diz basicamente que notícia é algo que alguém, seja pelo motivo que for, não quer que seja publicado. O resto é publicidade. A imprensa, o que não é de hoje, sempre foi atacada por aqueles que estão no poder - seja no Executivo ou Legislativo (em qualquer uma das esferas) - por ficarem incomodados com o papel da imprensa livre e crítica.

Embora não constitua poder formal, dentro do aparato do Estado (no sentido latu sensu), a imprensa é, tal qual um integrante do Legislativo (vereador, deputado e senador), um fiscal dos atos de gestores públicos.

A imprensa exerce, bem como ao lado dos poderes constituídos, uma tarefa necessária e salutar à democracia: a de fiscalizar, questionar e, principalmente, de ser crítica aos poderes.

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Desta forma, o Diário, ao longo de quase 19 anos, ainda que novo na idade, mas maduro e entendedor de tal premissa, coleciona dissabores com os inquilinos do poder em todos aqueles que passaram pelas duas principais casas políticas, Executivo e Legislativo, do maior município da Região Central.

Sempre foi assim. E sempre será. Em maior ou menor grau, os descontentamentos da classe política mostram, invariavelmente, uma mesma faceta: a de tentar um cerceamento aos profissionais da imprensa - seja velada ou abertamente. O que muda, neste caso, é a forma como se tenta um certo controle da informação.

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Desta forma, tornou-se comum ver, aqui, nas páginas do Diário, não raro, a insatisfação de mandatários quanto a inúmeras matérias que, de certa forma, expõem e problematizam os dramas e demandas da sociedade. Uma coisa, em todos os tempos, e, ainda mais agora, em que há uma clara estratégia do governo central em atacar a imprensa, fica evidenciada: quanto mais agredida a imprensa, maior é a certeza que ela está cumprindo com o seu papel de incomodar quem detém o poder (seja político, econômico ou social).

Por aqui, vereadores questionaram, em parte, com razão. Já a forma...

Na Câmara de Vereadores, durante a sessão plenária da última terça-feira, dois parlamentares se pronunciaram publicamente para dizer que o Diário e este espaço de coluna estariam sendo usados de forma escusa e a perseguir dois vereadores. É compreensível que embates ocorram, ainda mais dentro da Casa Legislativa, em uma legislatura com estreantes e veteranos - cada qual com seus objetivos - e que, sim, representam a sociedade.

A função do vereador é, sobretudo, estar no encalce da prefeitura e ir onde as denúncias estejam. Foi assim que um grupo de vereadores esteve, no dia 11 deste mês, na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) para fiscalizar o trabalho dos profissionais de saúde e as condições do local.

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Eles foram, até lá, como o jornal mostrou nas páginas e plataformas do Diário após receberem denúncias de possíveis irregularidades. O trabalho deles é esse mesmo. E a coluna e o jornal, jamais diriam o contrário. Os parlamentares devem se mover conforme os interesses da sociedade. Acontece que a ida deles até a UPA foi, e é preciso reconhecer, tumultuada e atravessada. Prova disso é que eles fizeram vídeos e lives, o que é desnecessário em um ambiente onde se está em busca de atendimento e ao considerar a sobrecarga de profissionais já exauridos em meio a uma pandemia (quase sem fim).

O MP foi acionado também, e a direção da UPA informou que, dentro da escala pretendida pelos vereadores, havia quatro médicos trabalhando na unidade - ainda que a escala apontasse para o dia seis médicos. Os parlamentares devem, realmente, exigir respostas de todos quanto ao funcionamento desse importante braço da saúde de quem depende do SUS. Só que, para isso, há formas. Nem sempre se vence no grito. Quando se tenta falar mais alto que o outro, corre-se o risco de não se ouvir nem ser ouvido.

Ainda

Importante dizer que, até o começo de maio, o Ministério Público (MP), que foi acionado pelos vereadores quanto à questão da UPA, deverá ter o retorno dos pedidos feitos à prefeitura e à direção da Unidade de Pronto-Atendimento.

O promotor Joel Dutra instaurou um procedimento (chamado notícia-fato) em que solicitou informações às partes quanto aos questionamentos dos parlamentares.

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