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O fim melancólico entre Pozzobom e Cechin

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Toda disputa eleitoral é desgastante e deixa profundas marcas e, em alguns casos, leva a cisões e rupturas. A eleição à prefeitura de Santa Maria, mais uma vez, foi disputada em dois turnos. Vimos o atual prefeito, Jorge Pozzobom (PSDB), e o vice-prefeito, Sergio Cechin (Progressistas) protagonizando uma batalha, em que um buscava a reeleição, e, o segundo, tentava o protagonismo de ter a caneta em mãos.

O que se viu, nessa eleição, foi uma conjugação de forças políticas e partidárias, de um lado, com a adesão, inclusive, de ex-prefeituráveis. Foi desta forma que Cechin dava indícios claros de ser o favorito a conquistar a prefeitura. De outro lado, tínhamos um prefeito isolado politicamente e sem qualquer apoio externo, talvez à espera de um fator exógeno (quem sabe, um milagre).

Mas prevaleceu a imprevisibilidade da vida, pregando peças e mostrando que não há nada definido e consumado.

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FICÇÃO E REALIDADE
Aliás, a relação entre Pozzobom e, o agora algoz, Cechin nos aproxima muito de duas obras literárias, que se complementam, e que são permeadas por aspectos da vida real: o amor, o ciúme, a traição e, claro, a inveja somada à cobiça. É impossível não lembrar de Otelo (de Shakespeare) e de Dom Casmurro (de Machado de Assis).

O distanciamento entre Cechin e Pozzobom, para o lado tucano, começou em meio à pandemia, quando Cechin se lançou à prefeitura. Já do lado progressista, a história é diferente e tem outra versão. Nela, Cechin vinha sendo preterido por Pozzobom e deixado de lado há um bom tempo. A traição do tucano teria sido motivada também pela inveja dele de Cechin. Teria, em ambos os casos, prevalecido o ciúme exacerbado? Difícil dizer. Ao que parece, dos dois lados (ainda que isso possa nem ter partido de Cechin ou de Pozzobom), a inveja levou a um desgaste e, por tabela, afastamento entre eles. É esse sentimento sombrio, o da inveja, que talvez tenha sido semeado entre eles e os tenha afastado - ainda que não exista margem para ingenuidade na política.

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A exemplo de Otelo ou de Dom Casmurro, Cechin e Pozzobom tinham suas próprias convicções de que foram traídos e feridos. Diferentemente da ficção, onde Bentinho e o general mouro não tinham provas das respectivas traições (de Capitu e da Desdêmona), o progressista e o tucano criaram suas próprias convicções para essa traição.

O fato é que intrigas foram tecidas, tanto no período pré-eleitoral quanto durante o pleito, e o resultado seria um só: a recusa da retomada de um convívio. O fim entre Cechin e Pozzobom veio antes do pleito - o que prova que a realidade é sempre mais severa que a ficção.

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