Se o 2020 mudou a vida e o mundo dos vivos, o mesmo aconteceu com aqueles que já não estão mais aqui. Prova disso é que os cemitérios, em decorrência da pandemia, estão há mais de meio ano com as portas fechadas. Santa Maria tem, ao todo, oito cemitérios, sendo o maior deles o Ecumênico Municipal.
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Ao longo de cinco hectares, os problemas são os mais variados: lixo acumulado, mato alto, roubo de materiais. Acompanho há, pelo menos, 15 anos, a situação em especial do Ecumênico Municipal. Há, realmente, problemas crônicos e essa demanda tornou-se um gargalo crônico para os últimos prefeitos. A reportagem do Diário esteve, na última semana, no local para verificar a situação. E o que se viu foi um cenário ainda mais agravado.
A prefeitura fala que, neste período da pandemia, o local ficou fechado - como foi de fato - para a visitação. Nada mais correto. Porém, como a equipe do Diário esteve lá dentro nos últimos dias, pode-se constatar que vândalos ingressaram na área. O Ecumênico foi saqueado, paredes inteiras estão sem as fotos dos familiares.
SUSTO
Não teria como ser diferente: famílias assustadas e indignadas por tudo que foi visto. Tamanho aviltamento deve ser combatido de forma enérgica pelo poder público. Todos que têm familiares, amigos e pessoas amadas no Ecumênico contribuem - com o pagamento de taxas - e devem ter uma prestação de serviços, no mínimo, digna.
Cabe à prefeitura estabelecer políticas capazes de indicar apoio e investimentos que tragam soluções ou que, ao menos, minimizem essas dificuldades.
O Executivo diz ter colocado câmeras de segurança bem como guardas municipais fixos no local. Se isso, de fato, ocorreu, será certamente mais fácil de identificar os vândalos e, assim, mapear o estrago deixado.
A ida a um cemitério já traz, por si, memórias e lembranças. O Executivo deve agir de forma enérgica e com eficiência para que isso não ocorra mais. Não se pode deixar cair no esquecimento que consideração e respeito devem ser permanentes: pela memória de quem morreu e por aqueles que, em vida, sentem a perda da pessoa amada.
AVANÇOS
A prefeitura, por meio das chamadas medidas compensatórias, avançou muito junto ao local. Prova disso é a construção de novas capelas em anexo ao Ecumênico. O que certamente tornará mais fácil achar uma empresa na iniciativa privada que queira estar à frente da gestão do Ecumênico.
Igualmente importante foi a construção de um muro nos fundos do cemitério, o que se tornou um fator a dificultar a entrada de vândalos, assaltantes e usuários de drogas no local. Mas é preciso mais.
(DES)CONHECIMENTO
Essa demanda deve ser resolvida e tratada pela prefeitura. Ao Legislativo, cabe a fiscalização. O que não precisamos é, dentro da safra das preocupações e das soluções simplistas, candidatos com respostas inócuas e mágicas para tamanha complexidade de um problema que, nos últimos anos, atravessa governos.