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No caso do sequestro do Rio, qual seria o ideal para o PSol?

Nesta terça-feira, no Twitter, o PSol escreveu o seguinte sobre o sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói: "Quando um governador pousa comemorando no local de uma tragédia, é um sintoma grave da crise humanitária que vivemos. E foi isso que fez Wilson Witzel. Solidariedade ao povo carioca em mais uma manhã difícil."  

A declaração do partido que foi parido de uma vértebra do PT causa estranheza e reforça a predisposição de se colocar do lado de quem anda à margem da lei ao flertar com a criminalidade. Primeiro, para começo de conversa, qual a definição de tragédia para os psolistas? Preservar inocentes é, então, uma "grave crise humanitária"? O que dizer, inclusive, do trabalhador que sai de casa para a labuta diária - ou que, muitas vezes, vai em busca de um emprego - e que está exposto à ação dos criminosos? Ser morto pelas mãos da bandidagem não seria uma tragédia ou tampouco uma grave crise humanitária?

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É claro que a comemoração do governador Witzel é estratégica e, sim, joga para a plateia. Uma cena, no mínimo, patética ao vibrar como se estivesse vendo um gol no Maracanã. Mas o fato é que ao cidadão comum, de forma geral, prefere ver um bandido caído do que uma família dizimada pela morte de um trabalhador. E sem dizer que Witzel está longe de ser um isentão. E foi isso que o fez sair do anonimato eleitoral à consagração nas urnas, porque o carioca se cansou de políticos de carreira com falas protocolares e que habitam em cima do muro. E o ex-juiz federal, que hoje comanda o Rio, pontuou, gostem ou não, com o seu eleitorado ao celebrar o abate do criminoso.   

Obviamente que se sabe que a polícia carioca ainda mata - e em dígitos assustadores quando se trata de negros e moradores da periferia -, mas hoje foi um dia em que a elite do Bope se mostrou eficiente, irretocável e certeira. Porém, não é de hoje que o PSol e similares se compadecem para com a criminalidade. Uma propensão perigosa e, ao que parece, proposital. E o alarde feito vai sempre em sentido contrário quando o abatido é a vítima. Aí, então, se tem um silêncio sepulcral. Qual seria o discurso do partido se o bandido tivesse sido preservado e alguns "poucos" reféns mortos? 

A polícia carioca agiu amparada pela lei e, principalmente, com a técnica que o Bope é treinado para exercer nesses casos. É claro, e isso é bem verdade, que a ação poderia ter colocado em risco a integridade de terceiros. Mas, ao longo dos principais noticiários, especialistas reforçaram que a ação do sniper foi perfeita. Mas, mesmo assim, alguns insistiram que a polícia deveria ter apostado "no diálogo" e, até mesmo, "podia ter atirado na perna" do criminoso.

Essa turma quer que a polícia tenha clemência com um bandido. A mesma, inclusive, que o criminoso não tem com suas vítimas que são executadas em assaltos e arrastões na mais linda cidade do país. Esse é o PSol que relativiza a violência e o poder do narcotráfico com o discurso raso de que basta a legalização das drogas para que, com uma vara de condão, o poderio dos traficantes desapareça. Exemplos se multiplicam, como quando o partido ignora a necessidade de reformas (Previdenciária e Tributária) e, ainda, quando fecha aos olhos para o inchaço do Estado brasileiro. O PSol é um partido distanciado da realidade brasileira.

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