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O que Santa Maria pode esperar de Jorge Pozzobom frente à pandemia?

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Prefeitura de Santa Maria (Divulgação)

Ao completar uma semana, neste sábado, do fechamento do comércio de rua e dos shoppings da cidade, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), terá que testar sua capacidade de decisão e, principalmente, de que lado quer estar da história: como quem optou pelo excesso (talvez) com medidas enérgicas, mas que protegeu a população? Ou ficará conhecido como o prefeito que relaxou no momento em que cabia agir como gestor, e não com a mentalidade de político? 

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Até aqui, a administração municipal tem sido cuidadosa e assertiva ao lançar mão de uma série de medidas (por meio de decretos) que estão resguardando a população. Porém, o empresariado já se mobiliza e agiliza uma proposta de flexibilização de reabertura do comércio de forma gradual, o que deve ser apresentado ao prefeito nesta segunda-feira. Obviamente que a preocupação deles é legítima, respaldada numa possível e provável quebradeira, e observa um temor do que será da economia do quinto maior município do Estado ao fim da pandemia. Sabe-se do papel social e da responsabilidade que quem emprega tem para com seus colaboradores. Isso é inegável e, mais, precisa ser reconhecido.

O fato é que a sinalização de parte do empresariado, em querer reabrir as portas, se dá também com embasamento na fala tresloucada do presidente Bolsonaro que levanta, de forma inconsequente, a bandeira de a sociedade "voltar à normalidade". Alguns empresários já usam como argumento o "isolamento vertical" - proposto por Bolsonaro e que manteria apenas idosos em casa. Usar isso como alegação, seja o empresário do segmento que for, além de ser temerário e preocupante, demonstra um senso de falta de responsabilidade e de civismo. 

NÃO HÁ GARANTIAS
Além do que, engana-se aquele empresário que pensa que, ao reabrir na próxima semana, terá um comércio pujante. Quem imagina que um trabalhador - seja profissional liberal ou das iniciativa privada ou pública - despenderá R$ 1 para a compra do que não for necessário. Comércio aberto é, sem sombra de dúvida alguma, o greencard para a livre propagação da Covid-19 em nossa sociedade. E, mais (!), não há margem para recall com aqueles que venham a contrair a doença. 

GORDURA PARA QUEIMAR
Igualmente importante dizer que o Brasil não é os Estados Unidos, e não há aqui nenhum Plano Marshall que, no século passado, salvou a Europa do pós-guerra. Mas, mesmo assim, a União lançou mão de uma linha de crédito emergencial de R$ 40 bilhões para ajudar empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. Por dois meses, como contrapartida, elas não poderão demitir funcionários. É claro que Santa Maria, inserida num contexto maior de Estado e país, vinha de anos de uma economia combalida e cambaleante. Mas é nessas horas que as empresas precisam ter planejamento e reserva de gordura para queimar em tempos difíceis. Não se pode colocar tudo na conta do governo. 

CAMINHO SEM VOLTA
O fato é que Pozzobom terá de decidir, e muito em breve, o caminho que Santa Maria seguirá: promover um ínfimo (e imperceptível) reaquecimento da economia (com a manutenção de postos de trabalho e arrecadação tributária) ou ver o sistema de saúde (público e privado) do município em meio a um colapso frente à pandemia que terá seu pico em 30 dias, conforme o Ministério da Saúde tem alertado.

No atual contexto, não há margem para agradar a todos. Pozzobom deve levar em conta como lição o fato de ter menosprezado, num passado recente, o surto de toxoplasmose no município. Porém, agora, não há margem para um erro de estratégia. Até porque ele não pode dizer que não foi alertado.

Pozzobom irá contra o que as autoridades de saúde, OMS e Ministério da Saúde têm defendido, que é o isolamento de pessoas, o que se traduz em salvar vidas? Ou optará pelo caminho da Itália que, no fim de mês de fevereiro, manteve a economia ativa "para evitar o caos". E em poucos dias, os italianos viram atualizada a definição de caos. Pozzobom vai colocar o pescoço no guilhotina e arriscar a ter uma morte de coronavírus na conta?

Recessão, desemprego, dificuldades serão, sim, parte da nossa rotina. Infelizmente isso é parte do combo de problemas. E isso é válido para todos. Mas será ainda mais difícil passar por tudo em meio ao luto. Então, o que Pozzobom reservará aos santa-marienses? Estamos à espera dessa resposta.

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