O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) errou ao encaminhar um projeto de lei à Câmara de Vereadores ao pedir a obrigatoriedade de uso de máscara facial em Santa Maria. O chefe do Executivo tem conduzido muito bem os rumos do município, até aqui, frente à pandemia da Covid-19. Soube montar um forte aparato de leitos nas redes pública e privada e, em tempo, soube o momento de fechar as escolas. E, mais recentemente, ensaia uma retomada da abertura do comércio, ainda que não na velocidade que muitos queiram.
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O projeto de lei, como o proposto por Pozzobom, é meritório ao querer que a população use máscaras de proteção facial. Contudo, a matéria é totalmente ineficaz. Uma lei inócua foi replicada aqui em Santa Maria, a exemplo de tantos outros municípios brasileiros. A preocupação do gestor local é notória, até porque Santa Maria já beira quase três dezenas de mortes pelo novo coronavírus.
A aplicação de uma matéria dessas, na prática, é cercada de problemas. Não haverá fiscalização em quantidade suficiente. Os fiscais, ainda, terão de lidar com o levante e a ira daqueles - os ditos estudados e esclarecidos - que não usam e seguirão não usando por crerem que, ao tomarem vermífugo e vitamina D, estarão imunes à Covid-19.
O uso da máscara deve ser balizado por um único critério: lucidez e sensatez. Para isso, não há coquetel que chegue a tempo. O melhor medicamento, em qualquer época, é ter responsabilidade. O resto é histeria e grito - situação, que, aliás, não precisamos. Mas que nossos ouvidos já se habituaram.
ALIÁS...
Não precisaríamos de projeto de lei ou de um decreto para que todos fizéssemos o óbvio: usar máscara. Um simples gesto, mas que está carregado de um simbolismo maior, o do respeito à vida. Trata-se de uma questão de civismo e de cidadania.
Princípios republicanos, infelizmente, esquecidos em nosso país. Para alguns, ser patriota resume-se em vestir verde e amarelo, acompanhado de um canto nervoso do hino nacional em cima de carros de som.