benefício estadual

O auxílio de Leite passa por um deputado da cidade

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A criação do auxílio emergencial gaúcho, anunciado pelo governador Eduardo Leite (PSDB), ainda que não seja a solução para a crise econômica e social imposta pela pandemia à sociedade gaúcha, ela é, sim, um placebo importante. O chefe do Piratini mostrou, a exemplo de outros 10 governadores da Federação, que não dá de ombros nem é indiferente ao drama de milhares de gaúchos, que é conviver com a falta de renda e de emprego - a antessala para a perda da dignidade.
O anúncio da liberação de R$ 130 milhões para socorrer os setores mais afetados pela pandemia da Covid-19 - com ênfase nas áreas de alojamentos (hotéis e pousadas) e serviços de alimentação -, é uma sinalização de que políticos podem, e precisam mais do que nunca, agir como gestores.

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O surgimento dessa proposta, contudo, deve ser partilhada e creditada ao deputado estadual santa-mariense Valdeci Oliveira (PT). O petista, em 23 de março do ano passado, quando todos estávamos "tateando" em busca de respostas acerca do que era o coronavírus, levantou a bandeira da criação de uma política de renda básica estadual.

Nesta empreitada, a iniciativa virou Projeto de Lei (PL), ainda em abril de 2020, e, depois, já em fevereiro deste ano (foto), Valdeci apresentou a proposta de renda ao governador Eduardo Leite. Para além da proposta, apresentada por Valdeci, há de se colocar o mérito do petista.

SERIEDADE
O petista soube tratar do tema com reserva e seriedade. Não fez trampolim político e, inclusive, foi desacreditado quando sinalizou a ideia de criar um programa de renda básica. Muitos colegas o alertavam e diziam, o que todos sabem, "o Estado está quebrado", "isso não tem como prosperar"...

Contudo, o parlamentar não se deu por convencido e foi atrás de subsídios e informações que pudessem auxiliar, de forma técnica, o Piratini a achar formas de viabilizar o que, na sexta-feira, foi materializado como auxílio emergencial gaúcho.

CAMINHOS
À época, Valdeci sinalizou que haveria a possibilidade de utilização de R$ 379 milhões do chamado fundo Ampara - que existe, desde 2016, para combater desigualdades no Estado - e que poderia contemplar cerca de 400 mil famílias em vulnerabilidade social. Ainda que o valor e o critério da ajuda, que será dada em até 30 dias pelo Estado sejam outros, o governador Eduardo Leite faz um esforço, que deve ser reconhecido, à luz da responsabilidade fiscal.

A persistência do deputado estadual Valdeci Oliveira foi, neste processo de um ano, determinante para essa conquista que beneficiará quase 100 mil gaúchos. Incansável e ponderado, Valdeci mostra que a política comporta, ainda, práticas de uma oposição comprometida e séria.

Leite e Valdeci construíram, ainda que a proposta não seja a mesma, esse caminho de uma retomada da dignidade dos gaúchos.
- Foi um passo importante. A luta de um ano que travamos em defesa da renda básica emergencial vai sair do papel para ganhar as ruas e os lares do Rio Grande do Sul. Isso é o que mais importa. Estamos incomodando, provocando e dialogando com o governo desde 23 de março do ano passado - disse Valdeci.

A proposta do petista, que comandou Santa Maria de 2001 a 2008, poderia, no entendimento dele, ter contemplado um número maior de gaúchos. Porém, ele reconhece que a proposta é uma vitória da sociedade:
- Trata-se da concretização de um auxílio aos mais vulneráveis, de pessoas que estão em situação de desespero. Nós, claro, queríamos, atingir mais famílias, especialmente aquelas em situação de pobreza extrema, pois avaliamos como dramática a situação do povo da pandemia.

Fator político na decisão mira o 2022
O fator político, na decisão tomada por Eduardo Leite, também deve ser colocado e observado, uma vez que o tucano desponta como presidenciável em 2022. A iniciativa o deixa em uma posição de destaque e o eleva à condição de gestor e pode ser um contraponto ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que buscará a reeleição.

Antes, contudo, o governador gaúcho terá de superar a concorrência e o predomínio do sudeste dentro do PSDB que, historicamente, sempre foi quem deu as cartas na corrida presidencial.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), tem como carro-chefe e mérito o legado da vacinação. Gostem ou não dele, o Brasil se inseriu no contexto da imunização graças ao protagonismo do político, que dirige o Estado com a maior e mais pujante economia do país. Leite, entretanto, vai buscando o próprio legado.

Dinheiro na economia local é considerável
O setor de serviços, tão combalido e afetado pela pandemia, recebe, ainda que não na totalidade que mereça, uma sobrevida. Se as restrições impostas pela pandemia, e reforçadas por meio de decretos estaduais e municipais, impuseram uma dinâmica de asfixia às atividades econômicas deste setor, igualmente imporante reconhecer que o governo do Estado age de forma responsável e séria ao conceder esse suporte financeiro. É claro que esse recurso não será para movimentar a economia, na integralidade, mas ele não pode ser desprezado.
Se o poder público, não age, é omisso. Agora, quando faz algo, e, neste sentido, pontua de forma concreta, é digno reconhecer. Neste caso, dada as devidas proporções, o Estado em termos de valor faz mais que o governo federal. Quanto maior for a ajuda, da União e Estado, melhor será para todos. 



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