Foto: Renan Mattos (Diário)
Barragem do DNOS representa, conforme a Corsan, por 30% do volume de água que abastece Santa Maria
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) assinou, na segunda-feira, a ordem de início dos serviços que preveem um relatório detalhado da Barragem do DNOS, que abastece Santa Maria. A HidroServ - Serviços Hidrogeológicos e Geofísicos Ltda, de Porto Alegre, fará o trabalho a partir da próxima semana.
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Conforme a Corsan, a empresa foi a vencedora de uma licitação, orçada em R$ 60 mil, para a execução dos trabalhos. Segundo o cronograma, técnicos farão uma visita ao local nesta semana. E, para a semana seguinte, os profissionais da empresa realizarão a parte de campo. Ou seja, durante cinco dias, eles farão a instalação de sensores ao longo dos 650 metros da barragem.
Dessa forma, de acordo com superintendente da Corsan em Santa Maria, José Epstein, será mapeado o chamado barramento da barragem (que é o ponto mais baixo) até as ombreiras laterais (que é o terreno natural onde a barragem se encaixa). A meta é que ao fim dos trabalhos - quando será emitido um relatório documentado em até 30 dias - se tenha mapeado, por exemplo, a existência de eventuais problemas na parte interna.
Essa espécie de "fotografia interna", que será executada pela empresa, irá se valer de três métodos precisos: eletrorresistividade (investiga a existência de água e estruturas geológicas em profundidade do solo), potencial espontâneo (verifica a existência de infiltrações) e georradar (que é um radar de penetração no solo que utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência para mapear estruturas e feições rasas da subsuperfície, podendo ir até 10 metros de profundidade). A Hidroserv fará, ainda, uma avaliação e um orçamento desse mesmo tipo de serviço da Barragem Saturnino de Brito, que fica em São Martinho da Serra.
INQUÉRITO
O serviço é um desdobramento de um inquérito civil instaurado, em 2015, pela Promotoria de Justiça Especializada para avaliar "um possível risco de erosão interna e ruína da Barragem do DNOS". De lá para cá, a Corsan afirma que, no ano seguinte, contratou uma empresa para fazer um diagnóstico operacional da estrutura. Em 2018, o Ministério da Integração Nacional também fez uma análise do local, mas a Corsan ainda não teve acesso ao relatório final.
Conforme a estatal, a Barragem do DNOS representa 30% do volume de água que abastece Santa Maria. A médio prazo, a estatal pretende transformá-la em um reserva técnica.
LICITAÇÕES
Para este semestre, a Corsan afirma que licitará o Plano de Segurança de Barragens que, ao todo, atenderá oito estruturas nas regiões Central, Serra, Missões e Vale do Rio Pardo, sendo que três delas são responsáveis pelo abastecimento de Santa Maria: a do DNOS, a Rodolfo Costa e Silva (Val de Serra) e a Saturnino de Brito. A licitação terá um custo de R$ 4,5 milhões.
No segundo semestre, a Corsan iniciará a execução do chamado Plano de Segurança da Água, já licitado e que ficará a cargo da Engevix, que foi a vencedora. A ideia é prevenir ou minimizar a contaminação dos mananciais, identificar perigos e riscos em sistemas e garantir soluções alternativas para o abastecimento de água. A Engevix mapeará, ainda, eventuais áreas de ocupação e possíveis danos ambientais.
A Corsan também quer viabilizar neste ano a remoção das cerca de 80 famílias que moram em área de ocupação irregular no entorno da Barragem do DNOS. O local é de risco e há, desde o começo dos anos 2000, uma ação ação civil pública para dar desfecho ao problema. Neste meio tempo, a prefeitura e a Corsan foram condenadas.
A estatal paga por mês uma multa de R$ 15 mil. O recurso será utilizado no loteamento que será construído para abrigar essas 80 famílias.