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Eduardo Leite: entre a bandeira e a presidência

Natália Müller Poll

Numa batalha iniciada há quase um ano, quando pouco ou nada se sabia sobre o coronavírus, governadores e prefeitos tateavam no escuro para saber o que, de fato, estava por vir. Naquelas semanas subsequentes, o governador Eduardo Leite (PSDB) deu início a uma incursão que pudesse, ao máximo, retardar a eclosão da Covid-19 em solo gaúcho.

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Ao se debruçar, com o apoio técnico de um amplo leque de profissionais das áreas da saúde e sanitária, foi gestado e, posteriormente, apresentado à sociedade aquele que seria nacionalmente, reconhecido em pouco tempo, como um case de sucesso: o modelo de distanciamento controlado. Hoje, nada disso é novidade, sabemos que o Rio Grande do Sul foi dividido em 20 regiões e existem níveis de restrições representados por bandeiras (nas cores amarela, laranja, vermelha e preta) e que variam conforme a propagação da doença e a capacidade do sistema de saúde.

O modelo hoje é visto com ceticismo e incredulidade, não raro, com revolta. Mas, 'não existe solução simpática para uma situação dramática', diz Eduardo Leite sobre as medidas. Lá atrás, o método tinha como objetivo a retomada gradual das atividades econômicas, de forma segura, em meio à pandemia, o que, por um período, rendeu ao Estado e aos gaúchos uma ligeira sobrevida.

Acontece que com o agravamento da pandemia por um somatório de fatores - a existência de novas cepas, falta de disciplina da população (que abdicou do uso de máscaras), por exemplo, aglomerações (em festas clandestinas e em um "normal" veraneio) -, a conta viria. O previsível ocorreu: o colapso das redes pública e privada de saúde. Mesmo assim há de se lembrar um provérbio popular que diz que "tempos difíceis geram homens fortes".

Ponderado, Leite, que por muitos foi considerado jovem demais para governar um Estado, vem tomando uma série de decisões assertivas em relação aos impactos da Covid-19. Frente à pandemia, o governador do Rio Grande do Sul levantou a bandeira de salvar vidas e se vestiu de sensatez para enfrentar a crise sanitária mundial, em um momento em que o povo gaúcho ainda teve (e tem) que lidar com o retrocesso da ordem no governo federal.

MEDIDAS
Criticado por fechar o comércio e as escolas e impedir eventos sociais para conter o avanço da pandemia, Leite não arredou o pé e manteve o Modelo Distanciamento Controlado - hoje, já na 43ª rodada - que considera eficaz para o momento. Mas a disponibilidade ao diálogo com prefeitos e com a imprensa vem tornando esse processo, de certa forma, mais fluido. Além disso, mesmo com o atrito dos setores mais afetados pela pandemia, o governador não deixou de oferecer escuta aos envolvidos.

Agregador, tem tido, sempre que necessário, os votos da oposição para os pleitos do Piratini. Mesmo sendo impossível agradar gregos e troianos - chimangos e maragatos, no Rio Grande do Sul -, o caminho trilhado a passos firmes pelo gaúcho da zona sul do Estado mira agora mais adiante: a presidência da República, na disputa de 2022. Antes, no entanto, ele terá de mostrar que consegue se criar dentro do ninho tucano para, então, alçar voos maiores.

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