marcelo martins

Ceticismo a quem se diz 'outsider' ou 'antissistema'

marcelo martins

A eleição municipal, ainda que em meio a um calendário alterado em decorrência da pandemia, vai despontando. Isso é fato consumado e algo que se percebe junto às lideranças político-partidárias da cidade. O que, contudo, me incomoda e me deixa, no mínimo, cético é quando escuto alguém falar "será que teremos um outsider?" ou, também, "precisávamos de um nome antissistema". Embora corra o risco de ser mal interpretado, seguirei: um candidato, "de fora", como alguns anseiam, seria, para muitos, a representação da "nova política".

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Falando da eleição que realmente importa, como alguns dizem, que é a municipal, vejo com desconfiança - se for o caso - o surgimento de uma candidatura com uma agenda antissistema ou aquele que se intitule um "outsider". Não sabemos ainda se o pleito, que tende a ser em novembro (o primeiro turno), contará com todas essas pré-candidaturas que figuram no cenário local. São, por enquanto, seis nomes que despontam na corrida à prefeitura.

Um exemplo evidencia bem o risco de discursos de quem prega uma mudança abrupta dentro da máquina pública, e que, nada mais é do que uma mentira deslavada: a de que é possível solucionar os entraves da engrenagem da máquina pública. Obviamente que pode-se, e deve-se, azeitá-la e torná-la mais maleável. O que todos os últimos prefeitos, em maior ou menor grau, contribuíram para isso. Porém, pelo próprio rito e necessidade de mecanismos de defesa do dinheiro público, a máquina precisa de certo engessamento. 

PREFEITURA NÃO É EMPRESA
Digo isso para que o eleitor não caia no discurso de quem diz que se pode imprimir um ritmo da iniciativa privada dentro da prefeitura. Da mesma forma, soa um tanto demagógico quando alguém fala, "vou cortar CCs". Claro que não se pode fazer do Executivo e do Legislativo um cabide de empregos para colocar os seus (partidários e apoiadores) - o que ainda é uma prática comum.  

Porém, os prefeitos Valdeci, Schirmer e Pozzobom já demonstraram que, em seus governos, trouxeram nomes da iniciativa privada e da própria academia (de instituições de Ensino Superior) para colaborar com a cidade ao colocá-los na condição de CCs.

CENÁRIO REAL
Temos que trabalhar com o que é real e viável para Santa Maria. Sendo assim, não se pode imaginar que, por exemplo, teremos um trem-bala ou um novo conjunto de obras públicas financiadas pelo governo federal, a exemplo do PAC, em tempos de pandemia (em curso) e no pós-Covid. Ao menos, não podemos nutrir esse tipo de esperança em um horizonte a curto e médio prazo. 

RENÚNCIAS NECESSÁRIAS
Nobres intenções e reinvenções da roda redundam, invariavelmente, em um irrealismo frustrante. Santa Maria, a exemplo da maioria dos municípios brasileiros, precisará colocar em prática e dar sequência a um grande plano de ajuste da própria economia. Ou seja, sem descuidar do setores produtivos, mas de forma com que as novas tendências e práticas de mercado sejam incorporadas e que ajudem e imprimir um reaquecimento da economia local.  

Tudo isso sem, jamais, descuidar do maior patrimônio de receita do quinto maior município do Estado: a renda dos servidores públicos. Como tudo isso ocorrerá? Não há como prever. Seria um exercício ficcional ou uma pretensão, beirando à má-fé, tentar prever o que virá a partir deste e, principalmente, do próximo ano.

O candidato que não dourar a pílula e que não for catastrófico - até porque já estamos no epicentro de uma hecatombe - e que mostrar que um caminho razoável tende a sair na frente. O que esse caminho irá reservar? Igualmente difícil projetar...

Mas dá para imaginar que haverá a necessidade de um esforço coletivo com renúncias e sacrifícios de todos. Porém, pode ser também que o eleitorado não queira ouvir um discurso realista.


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