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'A cinematografia sempre abordou a história pela esquerda', diz ex-capitão do Bope

Foto: Gabriel Haesbaert
Rodrigo Pimentel falou a empresários e ao público, na última segunda, sobre segurança pública, entre outros temas, no auditório do Diário

Um ímã para polêmicas. Assim é Rodrigo Pimentel, ex-oficial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Traduzindo: Pimentel é ex-capitão da PM carioca e escreveu o livro Elite da Tropa que, pelas mãos de José Padilha, tornou a obra um fenômeno no cinema nacional em 2007 e 2010.  

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O personagem capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura, foi inspirado em Pimentel, que deixou a corporação em 2001. Em passagem por Santa Maria, na última segunda-feira, o ex-capitão que virou palestrante foi enfático ao dizer que a cinematografia sempre abordou a história pelo viés da esquerda. Segundo ele, a humanização da bandidagem e o romantismo sempre tentaram, de alguma forma, distorcer os fatos. O vitimismo e a narrativa pró-regimes de esquerda, em especial na América Latina, sempre deram o norte da produção brasileira:

- Temos, agora, mais recentemente, esse recorte da esquerda e utópico do Marighella (Carlos, guerrilheiro brasileiro e símbolo da esquerda na resistência à ditadura militar). Acredito que é possível e, supernormal, contarmos a história do lado da direita. Aliás, contar a história de uma outra perspectiva é democracia. Agora, esse discurso raso, de fascismo é, e tem sido, o mote da esquerda. O Brasil e o povo brasileiro precisam conhecer e saber que há outras versões, sem seguir sendo refém.

Além disso, ele sustenta que a produção cinematográfica brasileira tem se sustentado, ao longo dos anos, de forma equivocada com dinheiro público:

- Ano passado, a Lei Roaunet financiou cem filmes. Deste total, 50 deles foram veiculados. Ou seja, metade, de tão ruim, sequer interessou a alguém a rodar em alguma sala de cinema. Recurso público em um país como o Brasil, que sofre de todo tipo de flagelo social, ser aplicado em filme é um deboche, um escárnio. 

À coluna, falou ainda do fracasso e da derrocada das Unidades de Polícia Pacificadoras, as UPPs, que, no entendimento dele, falharam. Porém, sustenta que o Rio obteve, no ano passado, uma ligeira sobrevida na guerra travada contra o crime organizado. Para ele, isso se deu em decorrência da intervenção federal, decretada no governo Temer (MDB), em que o Exército obteve excelentes resultados no combate aos latrocínios, homicídios e no crime de receptação de carga roubada.

DROGAS 
Pimentel é um contumaz combatente às drogas. Ele fala que qualquer discurso de flexibilização ou de descriminalização do uso de drogas para consumo pessoal, por exemplo, nada mais é do que colocar uma cortina de fumaça em um tema tão grave:

- Não existe maconha que não cheire a sangue. Esse papinho de que não dá nada ou que não contribui para o tráfico é uma falácia. Hoje, 150 homicídios acontecem no Brasil por dia. Sendo que dois terços se dão por disputa territorial. Ou seja, o maconheiro está apoiando tudo isso.

PROJETOS
Pimentel que fez dobradinha com o diretor José Padilha - nos filmes Tropa de Elite - também esteve junto na série O Mecanismo da Netflix, que é do ano passado, e que retratou as relações escusas e de corrupção dentro da Lava-Jato. Ele ainda está conduzindo outro projeto, o filme Intervenção que, resumidamente, retrata o fracasso das UPPs e, ao mesmo tempo, as dificuldades e limitações enfrentadas pela polícia no combate ao tráfico e ao crime organizado.

O longa tem a história escrita por ele e, conforme o ex-capitão, o financiamento será privado. Marcos Palmeira é o ator do longa, conta, com previsão de estreia para setembro. Isso porque segundo ele "é um deboche se valer de recurso público e, principalmente, por meio da Lei Rouanet, para viabilizar filmes".

Além disso, ele trabalha na adaptação da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, um clássico da literatura brasileira da década de 30 e que relata o drama de uma família de retirantes nordestinos. Porém, a história será adaptada à triste realidade dos venezuelanos que têm vindo para o Brasil:

- É a história do regime de Maduro que, ainda hoje, tem apoio de muitos. Isso é o que ele fez e faz: o caos e a destruição de um país.

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