Caso Gabriel

Caso Gabriel: exame toxicológico apontou negativo e alto teor de álcool no sangue teria relação com o estado em que o corpo foi encontrado, afirma diretora do IGP


A diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Heloísa Helena Kuser, afirmou em coletiva de imprensa realizada na tarde de sexta-feira (26) que, dentro do Caso Gabriel, o órgão recebeu inúmeras solicitações de perícias. A primeira perícia realizada foi no local do crime, que avaliou a situação em que foi encontrado a vítima, uma descrição do local e exame externo da vítima, também chamado de exame perinecroscópico.

– Nestes vestígios encontrados neste local de crime, ficou muito claro que a vítima estava há ao menos 5 dias na água. Com este resultado, outros exames foram necessários. Sangue e urina foram coletados para exame de teor alcóolico e toxicológico (ingestão de drogas).

Conforme a diretora do IGP, o exame toxicológico, que avalia a ingestão de entorpecentes, lícitos ou ilícitos, apontou negativo. Já o exame de teor alcóolico no sangue resultou em 23,4 decigramas por litro de sangue.

– É um valor alto para álcool. Porém, no processo de decomposição existe uma produção bacteriana que libera álcool no corpo. Parte deste álcool detectado no sangue é decorrente deste processo, do tempo que ele ficou imerso, ainda mais na água, que acelera este processo.

Ainda sobre o teor alcóolico do sangue de Gabriel obtido em análise pericial, Kuser acrescenta que não há como afirmar exatamente quanto é resultado de ingestão da vítima, e quanto decorre do processo de decomposição.

– Quando ficam muito tempo na água, o processo de decomposição também decompõe alguns vestígios. O resultado do teor alcóolico por exemplo, pode ser da fauna microbiana, além do que pode ter sido ou não ingerido.

A perita afirma que o estado em que o corpo estava dificulta os exames, mas disse que será possível avaliar o que aconteceu com Gabriel, se ele teria sido afogado e as agressões que antecederam seu desaparecimento.

– Na necropsia o exame é interno. Temos protocolos para isto. O perito, dentro do conhecimento dele, considerando o tempo de decomposição, examina para trazer a causa da morte. Tudo isso é levado em questão.

Também foram coletadas amostras das vísceras para um exame de patologia, que deverá ser concluído na próxima semana. Sobre o estado do corpo, devido a estar submerso, Kuser informou que houve descolamento de tegumento (pele):

– Um trabalho mais detalhado sobre a perícia de amostra de sangue e material biológico visível e não visível nas quatro viaturas periciadas ainda está em andamento, e deve ser concluído na próxima semana, quando provavelmente teremos o laudo completo da necropsia.​

Investigação

O sub-chefe da Polícia Civil, Vladimir Urach, entendeu que haviam indicativos para a prisão preventiva em decorrência de elementos que apontam para homicídio doloso (quando há intenção de matar). Estes elementos seriam provas testemunhais que, junto do vídeo, resultou no pedido de prisão preventiva.

– Isso tudo dependerá do que laudo da necropsia irá apresentar. Haviam elementos mínimos para decreto de prisão preventiva, provas testemunhais, e vídeos.

Ao ser questionado se as investigações contam com outros suspeitos além dos três policiais detidos, Urach afirma que no momento não é possível negar ou afirmar. 

– Por enquanto temos os três, mas a investigação ainda está em aberto.

Reinquirição

Conforme o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, na manhã de sexta-feira (26) ocorreria um novo depoimento dos três policiais suspeitos, mas foi impetrado pedido pela defesa dos três policiais para que estes não fossem ouvidos.

– Tentamos reverter esta decisão, e há poucas horas atrás a Justiça Militar do Estado autorizou a reinquirição dos três suspeitos. Eles deverão ser ouvidos na manhã deste sábado.

O sub-chefe da Polícia Civil, Vladimir Urach, afirmou que também houve um pedido para que houvesse o depoimento dos três investigados no sábado pela manhã pela Polícia Civil, que foi autorizado. O delegado titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel e encarregado das investigações, José Bastos, deverá interrogá-los neste sábado (27) pela manhã.

Reconstituição

Ainda não há data prevista para a reconstituição. Segundo a diretora do IGP, Heloísa Kuser, a reconstituição ocorre quando há dúvidas no final do inquérito. Por isso é importante terminar todo o inquérito para então avaliar a necessidade de fazer uma reconstituição.

O sub-chefe da Polícia Civil, Vladimir Urach, afirmou também que uma reconstituição deverá ocorrer na próxima semana, a partir da conclusão dos laudos do IGP. Ambos os inquéritos estão atuando de forma compartilhada, para elucidar a investigação o mais breve possível.

– Tudo obedece os parâmetros legais e tenho certeza que o mais breve possível ambos os inquéritos, da Civil e da BM, serão concluídos – afirma Urach.

Participam da coletiva o secretário da Segurança Pública, coronel Vanius Cesar Santarosa, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias, Heloísa Helena Kuser, e o sub-chefe da Polícia Civil, delegado Vladimir Urach.​

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