O velório do jovem de 18 anos ocorria na capela da funerária São José desde às 14h30min de sábado (20), após o corpo de Gabriel ter passado por exame de necropsia no Posto Médico-Legal (PML) em Santa Maria, sendo liberado por volta das 12h30min do mesmo dia.
Homenagens e pedidos de justiça
Enquanto os últimos preparativos para o sepultamento eram realizados às 8h30min, uma multidão era tomada pela emoção em frente a funerária São José. O percurso da capela até o cemitério da Irmandade de São José durou cerca de 30 minutos. Gabriel, que era conhecido pela admiração à cultura gaúcha, foi homenageado. Em cavalos, amigos e moradores de São Gabriel lideraram o cortejo, seguido por uma longa fila de veículos.
– O Gabriel era um excelente amigo meu e da minha família. Todo mundo queria muito bem ele, principalmente os meus filhos. Eles jogaram bola na última semana, antes dele desaparecer. Ele veio para cá para servir no Quartel e aconteceu essa baita tragédia. Ele era um guri do bem. Não tinha porque acontecer isso. Só queremos justiça – afirma o peão Mateus Andrade Pacheco, 37, que participou da homenagem durante o cortejo.
No cemitério, nem as paredes estreitas diminuíram a quantidade de pessoas que queriam se despedir do rapaz. Após o sepultamento, Gabriel recebeu uma salva de palmas, e logo após, a música Faz um milagre em mim, do cantor Regis Danese, foi cantada em coro por todos os presentes. Aos poucos, o momento de reza e louvor deu espaço a pedidos por justiça, que passaram a ecoar mais alto pelo cemitério. Paulo Jaime Trindade da Costa, 70, é um dos familiares que se manifestou. Emocionado, ele comentou ao Diário sobre o ocorrido:
– É algo sem explicação. Era muito fácil terem pegado ele (Gabriel) e levado até a delegacia para prestar depoimento, porque agarrar e fazer o que fizeram... Os camaradas sabiam onde tinham colocado (o corpo). Eles não tiveram o bom senso de largar e dar uma respostas para ninguém. Que eles pensem e analisem, porque será que eles não tem família? Se fosse o pai ou a mãe deles, o que eles pensariam se alguém fizesse isso?
Leonilda Magalhães de Oliveira, que é vizinha dos avôs de Gabriel em Guaiba, se emociona ao falar do jovem que conhece desde que nasceu. Após a confirmação da morte de Gabriel, ela veio para o município para dar adeus a quem só guarda lembranças boas.
– Eu tinha uma esperança antes da jaqueta ser encontrada. Depois disso, fiquei dois dias de cama e estou muito abalada até agora. É muito sofrimento – afirma Leonilda ao Diário.
Relembre o caso
Gabriel Marques Cavalheiro desapareceu na última sexta (12) em São Gabriel. O jovem, nascido em Guaíba, estava hospedado na casa dos tios no município para realizar os exames de alistamento militar. Ele teria sido avistado, pela última vez, por uma testemunha sendo colocado em uma viatura da Brigada Militar.
Desde quarta-feira (17), as buscas se concentraram em uma localidade conhecida como Lava pés, localizada a dois quilômetros do ponto de abordagem. Na noite de sexta-feira (19), após o corpo de Gabriel ser encontrado no açude, a Justiça Militar Estadual decretou, a prisão preventiva dos três policiais suspeitos de envolvimento na morte. Em São Gabriel, os mandados foram cumpridos pela Corregedoria-Geral da BM, e contaram com o acompanhamento de policiais do 2º Batalhão de Polícia de Choque (2º BPChq) de Santa Maria. Na tarde de sábado, os três suspeitos participaram de uma audiência de custódia na sede da Justiça Militar Estadual, em Santa Maria.
O laudo do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP), que determinará qual foi a causa da morte, deve ficar pronto em 30 dias.
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