Caso Gabriel

“Meu filho veio para cá cheio de sonhos, e estou deixando ele aqui em uma caixa”, diz a mãe de Gabriel Marques Cavalheiro


Anderson da Silva Cavalheiro, e Rosane Marques, pai e mãe do jovem Gabriel Marques Cavalheiro pedem Justiça. Foto: Reprodução UP TV (Divulgação)

O auxiliar de depósito Anderson da Silva Cavalheiro, 40 anos, e a cuidadora de idosos Rosane Marques, 47 anos, pai e mãe do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18, encontrado morto em São Gabriel, falaram a imprensa no início da tarde deste domingo. Conforme a advogada Rejane Lopes, que representa a família, é a primeira vez que os pais deixam a cidade após o sepultamento do filho. O pai e a mãe retornam à Guaíba, cidade que moram. No sábado, o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, e os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso foram ouvidos pela Polícia Civil. Na manhã de domingo, os três foram ouvidos na Justiça Militar.

A entrevista começou minutos após às 14h. O pai Anderson e a mãe Rosane, começaram agradecendo à Polícia Civil e a comunidade de São Gabriel pelo empenho e pelo conforto durante o momento muito difícil. Eles não acreditam na versão dos policiais e dizem que foram praticamente ignorados quando procuraram o quartel da Brigada Militar (BM) logo após o jovem ter desaparecido.

– Eu quero agradecer muito a Polícia Civil pela dedicação. Eu sei que é o serviço deles, mas eles, mas eles foram muito atenciosos e incansáveis. A população de São Gabriel não tem culpa de nada. A gente continua amando muito São Gabriel. A culpa é dos brigadianos e não da população – desabafa a mãe.

O pai pede que as leis mudem e que a morte do filho sirva para que isso não aconteça mais.

– Que a partir do que aconteceu com o Gabriel, que a legislação mude. O certo, a brigada (Brigada Militar) é para cuidar, e não para assassinar uma criança assim do jeito que foi. Que o Gabriel sirva de exemplo para mudar isso daí. Assim como foi o meu filho, temos que cuidar o filho dos outros. Eu peço que cuidem dos seus filhos. Cuidem o máximo que puderem. É uma dor que a gente vai levar para o resto da vida. Não há dinheiro que pague o que aconteceu – diz o pai.

Anderson desabafa sobre as negações dos policiais envolvidos na abordagem e que as imagens da abordagem falam por si só. Que os policiais agiram de forma errada na abordagem ao jovem.

– Tem as imagens. As imagens são prova de tudo. Depois das imagens ele sumiu. Ele estava tranquilo, conversou com vários familiares, falou comigo. – Que sejam homens. que falem o que fizeram. Se tiveram coragem de matar uma criança, que tenham para falar o que fizeram – desabafa o pai.

A mãe pede que as instituições precisam preparar melhor os policiais para o trabalho nas ruas. Ela e o marido dizem que se não fossem as imagens que a moradora que chamou a polícia fez, até hoje não teriam pistas do paradeiro do filho.

– Preparar melhor os funcionários. Eles não podem abordar e levar as pessoas assim do nada. Eu volto a falar, tem que ter câmera nas roupa dos policiais, nas viaturas. Isso tem que ser para ontem, para não acontecer com outras crianças. Fatos são fatos. Eles realmente colocaram meu filho ali. O que aconteceu depois? Se não foi eles, foi outra pessoa. Então quem foi? A Paula nos ajudou muito com aquelas imagens. Se não fossem as imagens dela, até hoje não teríamos encontrado ele – questiona a mãe.

Rosane conta bastante emocionada sobre a ida ao cemitério para se despedir do filho.

– O triste é a dúvida né. É triste a gente ficar com essas dúvidas do que aconteceu , por que bateram e o que fizeram – Não consigo entender como tem pessoas tão cruéis. A mãe vai, mas a mãe volta. triste ele ter vindo para cá cheio de sonhos e a gente deixar ele aqui dentro de uma caixa – desabafa caindo às lágrimas.​

Depoimentos

O final de semana foi de muitos depoimentos em busca de respostas para os esclarecimentos que o caso ainda precisa resolver. No sábado, o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, e os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso foram ouvidos pela Polícia Civil. Conforme o delegado regional de São Gabriel, Luis Eduardo Benites, as oitivas começaram às 9h, foram até 11h 30min, quando foi feito um intervalo de 10 minutos e logo em seguida os depoimentos seguiram até às 16h. Foram mais de 6 horas em que os investigadores confrontaram os depoimentos dos policiais para tenar elucidar o caso.

Já por volta das 9h de domingo, os três PMs foram ouvidos na Justiça Militar também em Porto Alegre. Conforme o Coronel Vladimir Silva da Rosa, Corregedor-Geral da BM, os depoimentos se estenderam até às 12h. Durante todos os interrogatórios, os policiais estavam acompanhados pelos advogados e eles reafirmam a inocência.

Polícia fez buscas e encontrou o corpo uma semana após o jovem ter desaparecido. Foto: Maurício Barbosa

O caso

Gabriel despareceu em 12 de agosto após ser abordado pelos policiais e colocado dentro da viatura. Ele teria sido levado até a região do Corredor do Lava Pé. No dia 17, o casaco do jovem foi encontrado próximo a barragem em uma área de vegetação. Por volta das 16h 40min do dia 19, o corpo de Gabriel foi encontrado submerso dentro da barragem.​

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Maurício Barbosa

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