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Prefeitura aposta em empréstimo para minimizar problemas das paradas de ônibus


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Não é de hoje que a cada começo de ano, o assunto em Santa Maria seja a atualização do preço do transporte coletivo. Tarefa que, vista apenas sob o prisma do aumento da passagem, não reflete a complexidade que o tema é revestido. Na semana passada, eu e o colega Gabriel Haesbaert percorremos cerca de 16 quilômetros das faixas Nova e Velha de Camobi - o maior bairro da cidade - para ver a situação da precarização dos pontos e abrigos de ônibus (leia a matéria aqui)

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E o cenário é desolador. E seguramente pode-se dizer que, em outros tantos pontos de Santa Maria, a situação é a mesma (o que, por si só, é terrível) ou ainda infinitamente pior. O mais constrangedor é que a mobilidade urbana - termo que abarca uma imensidão de conceitos e de soluções criativas - nunca foi preocupação do Executivo municipal, independentemente de quem esteve na cadeira de prefeito. 

Não basta apenas a cada ano acenar com reajuste da tarifa e não fazer exigências que realmente assegurem um transporte digno aos usuários. Quem mora ou é de Santa Maria sabe o quão terrível é andar de ônibus em dias de calor. Quando o tema é frota com ar-condicionado, pouco se avançou nos últimos anos.

Também tem que se reconhecer que os pedidos de revisão tarifária, que são feitos pelos empresários, visam cumprir com uma série de compromissos: manter a frota em condições de trafegabilidade, assegurar a revisão salarial dos funcionários (que são mais de 1,1 mil) e, claro, garantir o próprio lucro. Até porque as empresas, por não contarem com subsídio do poder público, precisam fazer dinheiro para manter os empregos e a roda da economia girando.

As empresas, por sua vez, afirmam que o binômio oferta/procura segue em queda livre, já que o número de usuários pagantes tem caído ano a ano. Revés que é puxado pelas gratuidades, que são amparadas por legislação (seja federal ou local). 

A ATU já chegou a dizer que haveria possibilidade de se ter uma redução de 10% no preço da passagem, que hoje é de R$ 3,90, com uma medida polêmica: a extinção da função de cobrador. As seis empresas empregam, juntas, cerca de 400 profissionais nessa função. Um prejuízo social que dificilmente algum gestor se arriscaria a ser fiador de uma medida dessas.

Agora, a administração Pozzobom (PSDB) sinaliza que há, logo ali na frente, a possibilidade de uma mudança dessa realidade. O Executivo coloca suas esperanças no empréstimo de R$ 28 milhões junto ao Finisa (que tem sido utilizado para a recuperação asfáltica de ruas e avenidas). Conforme o projeto de trabalho, apresentado pela prefeitura à Caixa (para a obtenção do empréstimo junto ao governo federal), estão previstos R$ 500 mil para as demandas das paradas, conforme apurou a coluna. Resta aguardar. Aliás, quem aguarda por um ônibus - em uma parada de ônibus precária ou inexistente - não quer saber se o dinheiro virá da União ou do caixa próprio da prefeitura, mas espera que o gestor local faça algo.

Muito já se falou e se anunciou. Mas o resultado efetivo é sempre pífio ou, no máximo, paliativo. Pinturas de paradas e colocação de placas (com uma vida útil baixa) são, quase sempre, a saída encontrada frente ao cobertor curto que a prefeitura se depara há anos. 

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