
Vem chegando o Dia do Trabalhador. A história dessa data é antiga. Em 1886, nos Estados Unidos, milhares de pessoas saíram às ruas em um 1º de maio, lutando por melhores condições nos locais de emprego, entre elas, a redução da carga diária de trabalho de 13h para 8h. Logo após essas reivindicações ocorreram confrontos com policiais, provocando a morte de vários trabalhadores. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, foi criado o Dia Internacional dos Trabalhadores, comemorado em 1º de maio de cada ano. No Brasil, essa data se tornou oficial no ano de 1924. Até hoje, em vários países, esse dia é dedicado as manifestações e passeatas na luta por condições justas nos locais de produção.
A folga no meio da semana pode ser um convite para uma reflexão sobre as atuais condições de trabalho. O objetivo desse feriado também é de comemorar as conquistas dos trabalhadores ao longo da história. Verdade seja dita, por meio de lutas, os assalariados obtiveram muitas realizações. Desde a Constituição de 1934, já conquistamos o salário mínimo, jornada de 8 horas, repouso semanal e férias remuneradas. A Constituição de 1988 ampliou os direitos dos trabalhadores, sendo conhecida, inclusive, como a "Constituição cidadã".
Quais avanços estaremos comemorando agora? Atualmente, os pontos mais comentados são a reforma da Previdência e o aumento da idade para aposentadoria. A Proposta de Emenda Constitucional para a reforma da Previdência prevê mudanças radicais e pesadas para os servidores. Todos os trabalhadores que, até a data de efetivação da reforma, não tenham preenchido todos os requisitos para se aposentar pelas regras atuais serão afetados. Teríamos o que festejar?
Por outro lado, as pesquisas apontam que quanto menor a escolaridade, maior o desemprego. Sinceramente, a notícia de que crianças passarão a estudar em casa com o apoio dos pais, preocupa. Concluir que a educação domiciliar permitiria aos pais ensinar mais conteúdo que a escola seria praticamente um milagre. Pais e mães sequer conseguem permanecer em seus lares por estarem correndo atrás de empregos dignos. Quando chegam em casa, exaustos, irão ensinar seus filhos? Que qualidade de aprendizado essas crianças teriam? Sem contar que na maioria das famílias os pais não estão presentes nos lares. O IBGE aponta que nos domicílios que pai e mãe estão separados, em 88,2% dos casos, somente a mãe é a referência para os filhos. No entanto, no mercado de trabalho, essas mulheres sentem as consequências da diferença salarial e, muitas vezes, do assédio, muito naturalizado em nossa sociedade. Além das mulheres receberem menos ainda, exercem dupla jornada de trabalho.
Pessoas LGBTI+ relatam muitas dificuldades para alcançarem empregos com carteira assinada e serem respeitados(as) em suas diferenças. O grupo de homens trans de Santa Maria, que se reúne mensalmente para debater sobre cuidados com sua saúde, aponta muitos obstáculos sobre oportunidades de trabalho. Todos relatam barreiras para conseguirem uma ocupação com carteira assinada pelo simples fato de apresentarem uma diversidade de gênero.
Esse pequeno texto já indica o que teremos que fazer no feriado: continuarmos na luta. Percebe-se que o preconceito e marginalização são pautas transversais que refletem no mercado de trabalho, fato para o qual as políticas públicas deveriam manter-se atentas.