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Julgamentos apressados

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Só é possível afirmar com segurança que um determinado fato se deu desta ou daquela maneira quando o tenhamos presenciado. Sem isso, trabalhamos com base em indícios e suposições. Extrair conclusões de fatos contados por pessoas é temerário porque temos inúmeros exemplos, inclusive de eventos históricos, narrados de formas diferentes, porque a história depende da subjetividade do historiador, estando a percepção desse, embasada na sua experiência de vida e não necessariamente sob um ponto de vista neutro. Portanto, se extrair conclusão de fato contado é temerário, julgar sem o conhecimento pleno de todas as motivações que levaram a sua ocorrência é, com certeza, uma catástrofe.

Como, hoje, estamos mais reclusos e mais sujeitos ao bombardeamento de notícias, com possibilidades de debates mais restritos e, até mesmo, pela rapidez com que tais informações chegam até nós, somos levados a fazer julgamentos apressados. Se tais julgamentos ficassem apenas no campo do pensamento ou nas relações caseiras, poderia até não ter grandes consequências. Contudo, não é o que temos vivenciado diariamente. Julgamentos são emitidos sem qualquer conhecimento dos fatos, provocando denúncias infundadas e consequências desastrosas.

Todo o julgamento é um uso importante do nosso arbítrio e exige grande cuidado, especialmente quando, convictos, fizemos avaliações de atos e de pessoas. Todos os nossos julgamentos deveriam ser guiados por padrões justos. Infelizmente, nós, humanos, temos a péssima habilidade de julgar as pessoas rapidamente e, pior, desconhecendo os fatos.

Quantas vezes tiramos conclusões precipitadas e erradas das situações, como se fôssemos donos da verdade? Quantas vezes ouvimos, ou mesmo, falamos algo que nunca seria dito se houvesse mais cuidado, mais paciência e menos pressa em apontar erros e culpas. Dificilmente nos colocamos no lugar do outro para justificarmos uma ação que entendemos errada. Nem sempre nossas noções de certo e errado, de justiça ou bondade são corretas, o que é justo para um pode ser injusto para o outro. A nossa perspectiva não é a única. Condenar ou absolver alguém sem sólidos elementos de prova é inadmissível para quem se propõe a guiar-se pelos padrões da justiça.

Portanto, nesse momento de tantas informações, permito-me duvidar ou, ao menos, questionar se a informação não pode ter outra versão, ou mesmo se não há uma intenção por trás da mesma, que não exclusivamente narrar um fato ou capaz de justificar o ato. Tento entender o que leva uma pessoa a ter uma reação tão fora dos padrões que entendo como corretos e, ao mesmo tempo, busco aceitar que posturas diferentes podem ser corretas e que isto não faz uma melhor do que a outra. Sei que nem sempre tenho razão. Posso estar enganada e julgar os atos de alguém de forma equivocada. É obvio que tenho opinião, mas tenho procurado exercitar a tolerância, tentado ampliar a visão dos fatos e compreender que as pessoas podem e devem ter opiniões diferentes da minha, principalmente porque a minha não é a única válida, o que não é nada fácil.

No entanto, sempre tenho em mente a frase que define o ato de julgar: "Jamais esqueça de que quando você julga alguém, você está definindo a si mesmo, pois, a alma sempre tende a julgar os outros segundo o que pensa de si mesmo."

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