Insônia

José Carlos Campos Velho

Na noite passada provavelmente alguém não dormiu bem no centro de Santa Maria. Ou em Val de Serra. Ou em Porto Alegre ou mesmo em Tóquio. A insônia é uma ocorrência frequente e ocasionalmente pode acontecer a qualquer um de nós, pelas mais diversas razões. Por estarmos ansiosos com uma viagem, um encontro ou uma entrevista de trabalho. E isso é normal.

 

​+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp


Porém, quando a insônia se torna um problema frequente – 2 a 3 vezes por semana, por um período de cerca de 3 meses, podemos estar diante de um dilema clínico que tem importante impacto no cotidiano da pessoa, na sua capacidade laboral e certamente na sua qualidade de vida. A insônia é caracterizada por uma insatisfação na qualidade do sono ou na sua duração, com a pessoa tendo dificuldade para pegar no sono ou permanecer adormecida, segundo artigo de revisão publicado recentemente na importante revista New England Journal of Medicine.

 
O artigo faz uma extensa revisão sobre a insônia e as diversas formas de lidar com o problema. Os idosos tendem a apresentar insônia com mais frequência que a população mais jovem. Além da “arquitetura do sono” ser diferente em idosos, pois eles tendem a ter um sono mais superficial, de mais curta duração e com um número maior de microdespertares; a frequência de comorbidades é maior, o que funciona como complicador para que a pessoa consiga readquirir um padrão de sono normal, ou seja, satisfatório.


Dor crônica
Dor crônica é um dos fatores que interfere no sono, juntamente com outras patologias, como por exemplo, a síndrome das pernas inquietas e a síndrome da apneia obstrutiva do sono. Estes problemas devem ter seu tratamento individualizado, pois somente o uso de técnicas ou de medicamentos específicos para indução do sono – “os soníferos”, não costumam ser o suficiente para que a pessoa volte a ter um sono satisfatório e restaurador.

 
Quando a insônia se torna um problema médico, se torna algo de manejo bastante complexo e desafiador. A compreensão dos mecanismos da insônia e sua abordagem individualizada, procurando-se entender de forma particularizada os padrões da dificuldade para dormir vão permitir que se tenha maior ou menor sucesso nas proposições terapêuticas. Um dos problemas é que a queixa de insônia costuma se seguir da prescrição de um medicamento, e os medicamentos para insônia deveriam ser usados por curtos períodos de tempo e em doses baixas. E não é o que costuma acontecer.


Medicamentos

Uma das questões é que nem todos os médicos estão suficientemente preparados para lidar com um problema cuja complexidade costuma ser crescente, a medida em que o tempo passa e o problema cronifica. Embora existam vários medicamentos capazes de induzir ao sono, a maior parte deles não é isenta de efeitos adversos a curto e longo prazo. E a expectativa da pessoa portadora de insônia é de uma substância que resolva seu problema de maneira rápida e segura. Infelizmente nenhum medicamento oferece esta possibilidade. 


Ao contrário, seu uso prolongado – e novamente os idosos formam um grupo mais vulnerável – pode levar a reações adversas como sonolência diurna, fraqueza, dificuldades de memória e o que mais se teme, que são as quedas e as fraturas. Uma fratura de quadril pode ser um ponto de inflexão na vida de um idoso que vinha mantendo uma razoável qualidade de vida e autonomia, mergulhando-o em situações de dependência, com frequente necessidade de hospitalizações e cirurgias e todas as graves consequências que podem advir de um evento desta magnitude.


Boa noite a todos!  
Abordagens como as terapias cognitivo-comportamentais são sugeridas como alternativas para o manejo da insônia crônica, mas são poucos os profissionais disponíveis e treinados para a aplicação destas técnicas. A chamada “higiene do sono”, que propõe uma série de atitudes que permitam um sono regular e satisfatório, e que faz parte de uma vida saudável, com hora para dormir e acordar, prática regular de atividade física em horários adequados, moderação no consumo de álcool, alimentação equilibrada, evitação de estimulantes como cafeína e chimarrão a partir de determinados horários são essenciais na prevenção e na abordagem não farmacológica da insônia. Um sono satisfatório e reparador pode até estar associado à longevidade e ajuda na prevenção e tratamento de doenças como a hipertensão. 


O que desejamos é uma boa noite a todos!

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Insônia Anterior

Insônia

Comunicação e Inovação Próximo

Comunicação e Inovação

Colunistas do Site