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Ainda há tempo


style="width: 100%;" data-filename="retriever">Santa Maria está num processo de crescimento urbano acelerado. Isso exige uma atenção redobrada para que nosso Plano Diretor seja cumprido e as ordenações legais sejam observadas. Nossos vereadores devem estar atentos e a população, como um todo, vigilante.

Em 2020, foi cometida uma transgressão do Patrimônio Histórico quando, mesmo contra o parecer do Comissão Municipal Do Patrimônio Histórico-Cultural (Comphic) foram destruídos três sobrados de arquitetura "art déco", na rua Professor Braga, para edificar uma filial da Droga Raia. Um dos prédios era a antiga residência do Engenheiro Luiz Bolick, introdutor daquele tipo de arquitetura em nossa cidade.

No momento presente, estamos sujeitos a vivenciar mais um monstrengo a acontecer. Desta feita por decisão do Comphic). Trata-se da construção do Edifício Centenário, pela Construtora Jobim. Em decisão contestável (para os dias atuais), essa comissão decidiu pelo tombamento do prédio antigo do Colégio Centenário e, inclusive, do muro que sustenta o barranco onde estava o colégio. Com isso, estamos ameaçados de ver continuar existindo aquela cicatriz no coração da cidade, pois a construtora foi proibida de derrubar o muro e fazer a terraplanagem do terreno, colocando-o ao nível da rua. Isso é um contrassenso que precisa ser revisto enquanto é tempo. A cidade não merece continuar convivendo com aquela paisagem que não tem nada de histórica nem, muito menos, cultural.

Essa decisão do Comphic, além de criticável, vai contra a lei. O Código de Obras do município estipula que qualquer alteração na fachada dos prédios da Rua do Acampamento obriga ao recuo de quatro metros no meio-fio para possibilitar o futuro alargamento que transformará nossa principal artéria numa avenida, nas mesmas condições da Fernando Ferrari que deu continuidade a esse projeto.

O edifício principal do Colégio Centenário, que foi edificado na década de 1920, não existe mais. Depois do incêndio que o consumiu, até as paredes que permaneceram de pé foram derrubadas. Portanto o edifício tombado pelo Patrimônio Histórico não existe mais e a decisão perde o sentido. Resta aquele monstrengo de muro que foi adicionado ao tombamento! Além de feio, ainda prejudicaria a visão do novo empreendimento que irá refazer a arquitetura do antigo prédio; que voltará a ser o "Colégio Centenário" da memória visual da cidade. Os dois primeiros pisos do novo edifício irão reeditar o prédio queimado, inclusive com paredes externas de tijolo à vista, como era nosso querido colégio.

Quando foi fundado o Colégio Centenário, em 1922 (ano do primeiro centenário da independência do Brasil), ele funcionou na casa que foi de Régulo de Moraes, patriarca da família de médicos santa-marienses (Dr. José Francisco Pinto de Moraes, Eduardo Pinto de Moraes e, atualmente, o Dr. Luiz Bragança de Moraes) e que vendeu à missão americana da Igreja Metodista. O senhor Régulo de Moraes comprou parte da antiga Chácara do Ipê, que pertencia à D. Chiquinha Fontoura, herdeira do fundador de Santa Maria - Manoel Carneiro da Fontoura. O nome de Chácara do Ipê deriva de um enorme ipê roxo que existia bem na boca da Rua do Acampamento e, que no dizer de João Daudt de Oliveira, "na florada da primavera cobria a Rua do Acampamento de um tapete colorido". Tudo isso é história de nossa cidade e não merece ser representada por um muro feio e grotesco. Vamos fazer como Pacífico de Assis Berni que, ao construir a Sulbra, retirou o barranco de igual altura que existia do outro lado da rua. Ele tinha visão de futuro e bom senso estético.

Esse terreno "alto" ainda existe no outro lada da Rua Dr. Turi, onde está localizado um dos reservatórios da Corsan (fundos do Ginásio do Corinthians). Era uma coxilha que descambava abruptamente até a sanga do Cancela. Puro campo, com leiterias e roças de milho e mandioca. Ali terminava a zona urbanizada até meados da década de 1940. Abaixo o muro e o barranco!

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