opinião marcelo martins

Não há líderes no Brasil. Apenas chefes de seitas de fanáticos

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O Brasil não tem líder no atual cenário político-partidário. O que temos, sim, são líderes de seitas. A mais atuante e longeva, na atual conjuntura, é a do lulopetismo. Devotos do nordestino messiânico - alçado à presidência da República por dois mandatos - veem em Lula uma clarividência e uma aura salvadora. A esperança de pobres e de uma classe média cansada de ser lembrada apenas para pagar a conta de um Estado - ineficiente e paquidérmico - se mostrou em uma das maiores decepções da nossa recente democracia. Não fez as reformas necessárias e vitais - ainda que com maioria no Congresso - para desenvolver e modernizar o país. Mas soube arquitetar e estruturar o Mensalão e o Petrolão

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E da costela do petista, surgiu o antilula: Jair (que nada tem de messias) Bolsonaro. O capitão da reserva com quase 30 anos de mandato como deputado federal, e sem qualquer serviço prestado relevante à nação, pavimentou sua candidatura por meio das redes sociais. E foi ao mirar a classe média - a mesma enganada e iludida por Lula - que teve sua vitória afiançada pelos brasileiros.

A fala comum, beirando à incredulidade de quem despreza a democracia e vociferando ódio contra quem não pensa e é igual a ele, rendeu popularidade. No limbo da ausência de um quadro menos pior - nem precisaria qualificado -, Bolsonaro foi criando corpo e se agigantou. Virou a voz e o rosto de parte de um Brasil cansado do staff político existente.

Bolsonaro, tão corporativista quanto qualquer outro político, passou a imagem de outsider. E o eleitorado embarcou. O brasileiro, desacreditado e iludido, caiu no conto mais uma vez da figura de um salvador da pátria. Enquanto votarmos entregando nas mãos do Estado a condução da nossa vida, seguiremos colocando impostores no comando do país.

Temos em Lula e Bolsonaro a representação da degradação do quadro político-partidário brasileiro. Ambos falam apenas para seu público e desprezam quem não pensa e os vê como os detentores do bastião da justiça e do saber.

Ao ver o comportamento dos seguidores da seitas de Lula e de Bolsonaro é quase que inevitável não lembrar do chamado "mal branco" que acometeu os personagens no romance Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. Na obra, uma epidemia passa a cegar estranhamente a população. E é assim que adoradores de Lula e Bolsonaro estão: com a visão embaçada por esse mar de leite que os impede de reconhecer o que há ali logo à frente, como cita o autor.

O governo, na obra, envia todos os cegos para um manicômio - que vira praticamente um campo de concentração - em uma tentativa de contar o avanço da epidemia. Outra consequência dessa cegueira é que os personagens, ao perderem o sentido da visão, vão se animalizando. Ou seja, os traços que definem a nossa humanidade somem. É o Brasil de hoje.

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