opinião

A tumultuada saída de Helen Cabral da CPI da Covid-19

A apresentação do pré-relatório da CPI da Covid-19 foi, no mínimo, tumultuada. A relatora, a vereadora Helen Cabral (PT) - que deixou o Legislativo, nesta quarta-feira, para a volta do titular, o petista Valdir Oliveira - detalhou o que, no entendimento dela, levou Santa Maria a uma situação caótica na saúde e na economia neste momento pandêmico. A parlamentar, que tem passagem pela Casa em outras legislaturas, acusou o governo do prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) de falta de transparência e, até mesmo, de compras feitas sem licitações.

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Da mesma forma, repetiu a exemplo de outros opositores, que o Executivo municipal contabilizou atrasos na aplicação das vacinas e perda de doses. Acontece que na apresentação, que é justa por se tratar de uma prestação de contas, Helen Cabral se amparou apenas em falas que corroborassem a visão dela da comissão: a de que a prefeitura foi omissa.

Assim, ela trouxe declarações do médico epidemiologista do município Marcos Lobato, do ex-secretário de Finanças Mateus Frozza, da ex-procuradora jurídica da prefeitura Rossana Boeira e do candidato derrotado ao Executivo municipal Evandro Behr (PP). Todas elas, em maior ou menor grau, traziam recortes que de alguma forma reforçassem apenas a crença dela. Porém, esse embasamento está amparado em uma base de areia movediça.

É óbvio, por exemplo, que, como disse o médico Lobato, que a abertura de mais leitos não muda em nada a dinâmica da transmissão da doença.

Helen insistiu que o governo ao flexibilizar as medidas de distanciamento social, colocou em risco a população. Afirmou que salvar vidas e a preservação de empregos não poderia estar dissociada. E que esse "descuido" levou o município à situação atual: de 751 mortes.

A TESE
A exemplo de outros dissidentes do governo e de pessoas que não tiveram êxito nas urnas, Helen bateu novamente na comunicação institucional. E, não suficiente, no uso das redes sociais do prefeito e também da prefeitura em meio à pandemia.

É claro que as redes sociais do prefeito, por ele ser uma pessoa pública e com 20 anos de atuação na política, teria maior adesão e engajamento da população. A utilização se deu como uma forma complementar de estratégia de comunicação do governo.

Imaginem, agora, se a administração municipal não tivesse lançado mão de todos os recursos possíveis para manter a população, ao máximo, informada. O questionamento viria igual. Afirmar que o prefeito se locupletou ou que se promoveu pessoalmente em meio ao epicentro da maior crise sanitária e econômica da história do município beira a irresponsabilidade. Claro que, no pleito, ele largaria à frente dos demais candidatos, por um único motivo: ele é o prefeito.

INTIMIDAÇÃO
A vereadora falou que ela, na condição de relatora da CPI, tem sido intimidada pelo governo e por integrantes da gestão Pozzobom. Ao que parece, o governo foi, durante esse tempo todo, colaborativo e distante dos rumos das investigações, sem buscar interferir. O respeito e autonomia dos poderes têm sido seguido à risca de ambos os lados. Helen tem o mérito de ter viabilizado a comissão e de ser questionadora e combativa. O papel de um parlamentar é esse mesmo: estar na cola dos passos do mandatário.

Porém, ela mais ouviu a si e se agarrou às próprias convicções do que enxergou os fatos colocados. Não dá para concordar com a declaração da parlamentar de que Santa Maria chegou a 100% da ocupação de leitos, à marca de 751 mortes e ao colapso do sistema de saúde em função de o poder público não ter adotado medidas de enfrentamento.

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Marcelo Martins