A perspectiva econômica de 2024 tomou outro rumo a partir dos efeitos causados pelas enchentes. Depois de quatro meses, ainda nos deparamos com um cenário de reconstrução nas diferentes esferas da nossa sociedade diante da magnitude do evento climático ocorrido em maio.
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Os dados da 37ª edição da Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae RS entre os dias 2 e 31 de julho, ilustram essa realidade vivida por milhares de empreendedores gaúchos. Um dos dados mais expressivos é o de que 90% dos entrevistados foram afetados de alguma maneira, diretamente ou indiretamente. As prioridades dos empreendedores incluem aumentar vendas (59%), equilibrar finanças (58%), reconstruir o negócio (45%) e buscar crédito (44%).
A pesquisa
O estudo buscou identificar o status da recuperação dos micro e pequenos empreendedores, incluindo seu desempenho, principais necessidades e perspectivas para o próximo bimestre. Ao todo, foram entrevistados 597 empreendedores, e o nível de confiança da pesquisa é de 95%, com uma margem de erro de 3%.
A pesquisa envolveu a coleta e análise de dados por meio de um questionário estruturado para quantificar relações de monitoramento e tendência.
Impactos
Dos 90% que foram afetados de alguma maneira, 36% relataram danos em parte de suas estruturas, enquanto 28% não sofreram danos estruturais, mas enfrentaram paralisações devido à ausência de colaboradores, à escassez de matéria-prima, a dificuldades de acesso ao local de trabalho, entre outros fatores.
Para 26%, houve destruição completa nas dependências da empresa. Apenas 10% afirmaram não terem sido impactados. Passados alguns meses, a atual situação dos negócios desde julho mostra que 75% das empresas já estão em operação. Apenas 23% não haviam retornado. Por outro lado, 2% indicaram o encerramento total de suas operações.
Fatores que afetaram
O estudo listou 11 fatores que mais afetaram os negócios no último bimestre, segundo os entrevistados. Foram eles: falta de recursos financeiros (50%); falta de clientes (48%); custos de recuperação da estrutura e de equipamentos (43%); perda de mercadorias/estoque (42%); problemas na estrutura física da empresa (38%); interrupções na operação (37%); dificuldade no recebimento e entrega de mercadorias (34%); endividamento do negócio (26%); alta dos custos de matéria-prima e insumos (23%); falta de matéria-prima e insumos (20%); e a ausência de colaboradores impossibilitados de trabalhar (15%).
Faturamento em queda para 86% dos empreendedores
O faturamento é um dos principais pilares de uma empresa e a redução deste indicador impacta diretamente nas economias locais. Neste contexto, o efeito foi sentido por 86% dos respondentes da pesquisa. Para 60% deles, a queda foi superior a 40%.
Apenas 10% conseguiram manter-se inalterados, e apenas 4% tiveram um aumento no faturamento. Para se ter uma noção da gravidade da situação, no 1º bimestre de 2024, em um cenário de normalidade, apenas 35% das MPEs tiveram diminuição no faturamento. Ou seja, o número atual é mais de duas vezes maior.
Direcionamento
Com um retrato mais claro da atual circunstância, os dados deste levantamento servem como um guia no desenvolvimento de soluções e estratégias para atender as necessidades dos pequenos negócios impactados pelo evento climático. Além disso, reforçam uma série de medidas de apoio em que o próprio Sebrae RS tem atuado, como a Assessoria de Negócios, que propõe um assessoramento de longo prazo aos empreendedores, mensurando o impacto econômico e estabelecendo ações para a manutenção da perenidade do negócio em momentos desafiadores como este. Para saber mais acesse: clique aqui.
Busca por crédito
A busca por financiamento foi mencionada por 46% dos entrevistados, dos quais 34% já conseguiram o crédito e 13% estão em processo de análise. O valor médio obtido foi de R$ 92,7 mil por empresa. A procura por esse tipo de recurso praticamente dobrou em relação aos bimestres anteriores.
Expectativas
Para 62% dos entrevistados, há confiança na melhora do seu ramo de atividade, e 44% estão confiantes na recuperação econômica do RS para os próximos dois meses. Dos entrevistados, 60% têm a intenção de manter as atividades nos próximos dois meses, enquanto 31% planejam expandir o negócio. Por outro lado, 47% preferem manter a situação atual, adotando uma postura mais cautelosa.