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Sobre o ofício de escrever (para jornal)

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Por alguma razão - para aclará-la, seria bom consultar redatores-chefes, editores, proprietários e leitores dos veículos - escrevo, como colaborador, sem nunca ter recebido um centavo sequer para expressar minhas ideias, para jornais há quase 40 anos (38, menos três meses, para ser mais exato, se não me trai a já meio desbotada memória das coisas boas da vida).

Colaborei com os jornais A Razão, A Cidade e, desde janeiro de 2017, com o Diário. Nesse tempo, escrevi para sites, sabidamente, sérios e, em várias oportunidades, colaborei com textos para jornais de variadas organizações e entidades da sociedade civil. Como antes, no colégio e na faculdade - nos anos plúmbeos e pesados do regime militar - ajudei a fazer jornais estudantis dos quais um pelo menos, O Piripiri, já foi objeto der estudo acadêmico.

Sempre que alguém liga ou manda uma mensagem alusiva a uma crônica ou artigo publicados no jornal, o texto se justifica. Sempre que alguém te para na rua para comentar algo que escreveste, o texto se justifica. Quando alguém te chama no super-mercado, abre uma pasta e dela tira uma agenda onde se agasalha dobrado em quatro um texto que publicaste no jornal, este se justifica. Quando a mãe, que perdeu o filho jovem e pleno de futuro num acidente estúpido, te diz que, quando a saudade aperta ao ponto quase de sufocá-la, ela recorre ao texto que publicaste sobre o filho e se reconforta e se reanima, o texto se justifica.

Mas o texto também se justifica quando alguém, a propósito de um artigo que chama atenção para as mazelas sociais e econômicas do país, sobre a falta de perspectivas e sobre a necessidade de mudar as coisas pelo voto, manda mensagem dizendo "teu artigo presta um desserviço ao país". Justifica-se por que é o reconhecimento de que o dedo foi posto na ferida, onde dói nos que se acomodam à situação que incomoda um enorme contingente de nossa população e beneficia os apaniguados que sempre se dão bem quando se trata de usar a coisa pública em benefício próprio, seja esse benefício de natureza meramente política, seja ele de outra ordem.

Já escrevi outras vezes, mas não me custa repetir: não sou comunista, não sou petista, mas jamais, nem sob tortura - coisa abjeta tão gosto de uns e outros que conhecemos - seria bolsonarista. E abomino ditaduras. Para continuar usando o sufixo "ista", sou humanista, acredito na possibilidade da paz e da fraternidade entre pessoa e nações; das relações cordiais entre cidadãos e estados. Acredito na possibilidade de redução das enormes e humilhantes diferenças sociais e econômicas, na partilha mais justa da riqueza, na justiça social, na democracia como veículo de mudança e no voto como arma capaz de transformar, como instrumento de progresso. Acredito que só a Ciência e a educação, amplamente partilhadas, podem vencer as trevas e o obscurantismo. É nisso que acredito, é isso que defendo e defenderei até que uma força maior cale minha voz (espero que isso ainda demore para acontecer).

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