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OPINIÃO: O problema não é o diesel

Enquanto escrevo, Pedro Parente não é mais presidente da Petrobrás. A origem da crise dos caminhoneiros, que causou transtornos em todo o país, no meu entendimento não pode ser atribuído ao preço do diesel. O erro é de política econômica, que criou uma oferta no frete ao financiar caminhões novos, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como se fosse para carrinho de brinquedo. Segundo o engenheiro Ricardo Gallo, com dezenove anos de experiência no BankBoston e hoje, gestor independente, o crédito barato concedido pelo BNDES, desencadeou um excesso de oferta de quase 300 mil caminhões, o que equivale ao número total de caminhões licenciados no país a cada dois anos.

O crédito concedido pelo BNDES, financiava 100% do valor de um caminhão e cobrava juros fixos de 7% ao ano, 0,59% ao mês, a serem pagos em oito anos. Na minha opinião, o "negócio da China". Nenhuma operação financeira chegaria a este patamar, ou seja, cobrar estas taxas beira a irresponsabilidade financeira. A história econômica nos ensinou que sempre que o Banco Central, motivado por um Governo sem rumo, faz o custo do dinheiro ser artificialmente barato, ele estimula investimentos que não teriam sido feitos sob circunstância normais, isso é o princípio básico das "bolhas de crédito", que já causaram e podem vir a causar crises de financeiras.

Resumindo, enquanto o governo pisava no acelerador do crédito barato e fácil, a economia pisava no freio. Queda da atividade econômica, motivada por um desemprego que chega ao alarmante número de 13 milhões de pessoas, somadas a 50 milhões de brasileiros inscritos nos sistemas de proteção de crédito, faz com que a indústria produza cada vez menos, com cortes de turnos de trabalho. O setor de serviços agoniza com a falta de oportunidades. O setor agrícola é nosso único indicador positivo, mas o mesmo é intensivo em tecnologia, ou seja, emprega pouco.

Com muita oferta de frete, o preço caiu drasticamente, as transportadoras perderam seus lucros, o caminhoneiro autônomo, viaja com carga cheia e volta vazio. Prejuízo na certa, ainda mais que tanto transportadora, quanto autônomos estão pagando o financiamento concedido pelo BNDES. O motivo aparente desta greve foi o preço do diesel, mas de nada adiante baixar o preço, se o caminhoneiro não tiver o que transportar. Pode baixar R$ 0,46, R$ 1,00 ou até mesmo R$ 1,50 se a carga estiver vazia, nada vai adiantar. Lembre-se, este mesmo caminhoneiro que protestou pelo preço do diesel e não do frete, vai pagar esta conta conjuntamente com todos os brasileiros, seja no hospital sem medicamentos, sem maca ou atendimento, ou na conta de luz, do gás e na educação.

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