Membros do Observatório de Políticas Públicas, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), realizaram um levantamento acerca das principais características dos casos de infectados e de morte por coronavírus em Santa Maria. Intitulado "Perfil da Covid-19 em Santa Maria", a apuração traz as variantes entre idade, sexo, raça, bairros e outras características. O trabalho é realizado pela equipe de monitoria, cruzando as variáveis.
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O observatório é coordenado pelo professor Thiago Sampaio e conta com seis pesquisadores. Sampaio explica que as variáveis analisadas no estudo são as disponibilizadas pelas Secretarias de Saúde dos municípios e estadual.
CARACTERÍSTICAS
Dentre os infectados pela doença, 24,30% têm entre 30 e 39 anos. Já as mortes dos contaminados desta faixa etária ficam em apenas 3,30%. Já o grupo das pessoas com idades a partir de 60 anos - 16,20% dos infectados - representam 87% dos óbitos na cidade.
O médico epidemiologista Marcos Lobato, da Vigilância em Saúde, ressalta a predominância de casos na faixa de 20 a 50 anos:
- Há dois prováveis motivos para este número maior de infecções em adultos. Mais exames são realizados em trabalhadores de saúde e seus contactantes (pessoas que tiveram contato com alguém contaminado), que, na maioria, estão nesta faixa etária. Além disso, observando a pirâmide etária da cidade, há mais pessoas neste grupo de idade.
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Já em relação à maioria das mortes serem de idosos, o médico explica que é uma tendência mundial e que se deve à fragilidade dessa faixa etária.
Para diferença por raça, o estudo avaliou a taxa de mortalidade entre os infectados de cada uma. Dentre todos os negros infectados por Covid-19 na cidade, 4,2% morreram. Entre os brancos, 1,8% faleceu e, dos pardos, 0,5%.
Entre todos os infectados da cidade, foi constatado que apenas 8,9% precisaram de atendimento hospitalar. Dentre os pacientes hospitalizados, 79,1% foram recuperados e 17% morreram.
Entre os contaminados que morreram, 91,3% foram hospitalizados para tratamento da doença, enquanto 8,7% não foram. Dentre os mortos que não foram internados em hospital, não há registro sobre a procura ou não por atendimento médico, segundo o professor.
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DISTRIBUIÇÃO
Os bairros com mais casos de infecção por Covid-19 são o Centro, 16,7%, e Camobi, 9,4%. Os outros bairros com registros representam menos de 3% cada. Já o bairro com mais óbitos é Camobi, com 9,8%.
- Podemos recordar que o vírus alcançou, primeiro, classes econômicas mais altas. Além disso, bairros com maior concentração de população também são, consequentemente, mais afetados - explica Sampaio.
AVALIAÇÃO MÉDICA
O médico Marcos Lobato explica que, do ponto de vista da epidemiologia, muitos dos dados revelados na pesquisa advém de fatores sociais:
- Não podemos tirar conclusões. Mas algumas causas destes resultados podem ser consideradas, como diferenças mais comuns de poder econômico, escolaridade e acesso a serviços de saúde. Via de regra, não há evidência biológica de diferença entre raças, por exemplo. Já entre sexos, homens têm maior propensão a doenças crônicas.
O relatório completo do estudo sobre a Covid-19 do Observatório de Políticas Públicas da Unipampa está disponível no site.
Confira os principais tópicos do levantamento:
Idade dos infectados
- Até 19 anos - 5,20%
- 20 a 29 anos - 20,10%
- 30 a 39 anos - 24,30%
- 40 a 49 anos - 19,30%
- 50 a 59 anos - 14,90%
- 60 anos e mais - 16,20%
Infectados que evoluíram a óbito por cor*
- Amarela - 0%
- Branca - 1,8%
- Indígena - 0%
- Parda - 0,5%
- Preta - 4,2%
- Não informado - 0,6%
*Taxa de mortalidade entre os infectados de cada cor
Bairros com mais casos
- Centro - 16,7%
- Camobi - 9,4%
- Salgado Filho - 2,7%
- Patronato - 2,4%
- Itararé - 2,3%
- Nossa Senhora de Lourdes - 2,3%
- Urlândia -2,2%
- Tancredo Neves -2,2%
- Lorenzi - 2,1%
- Juscelino Kubitschek -2,1%
- Pinheiro Machado - 2%
- Medianeira - 2%
- Nova Santa Marta - 1,5%
- Fátima - 1,5%
- Chácara das Flores - 1,5%
Sexo dos infectados que evoluíram a óbito
- Masculino - 56,5%
- Feminino - 43,5%
Evolução do paciente hospitalizado
- Recuperado - 79,1%
- Óbito - 17%
- Em acompanhamento - 3,9%
*Colaborou Gabriele Bordin