Nos últimos anos, o Brasil registrou, em média, 200 casos anuais de tétano acidental, com letalidade em torno de 28%, além de persistirem desafios epidemiológicos em municípios mais vulneráveis. Segundo a pasta, a vacinação ainda é a forma mais eficaz de prevenção dessa doença, que é grave, imunoprevenível e potencialmente fatal. Uma mobilização também foi iniciada para evitar a reemergência do tétano neonatal e manter o controle da doença no país.
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Embora o Brasil mantenha, desde 2003, a eliminação do tétano materno e neonatal como problema de saúde pública, especialistas alertam que a queda das coberturas vacinais, associada às falhas na imunização de gestantes e na assistência ao parto, aumenta o risco de novos casos.
– Mesmo após a eliminação do tétano neonatal, o país precisa manter estratégias sólidas para evitar novos registros e proteger populações mais vulneráveis – afirmou a coordenadora-geral de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis do MS, Greice Madeleine Ikeda do Carmo.
Antigo cenário
Segundo Greice, o Brasil registrava, nas décadas de 1980 e 1990, centenas de casos por ano de tétano neonatal, cenário revertido com ações intensivas de vacinação e melhoria do cuidado ao parto. A série histórica mostra redução expressiva, chegando a zero casos em quase todos os estados na última década, com registros isolados em Minas Gerais (2014), Rio Grande do Sul (2016) e Amapá (2020).
Para a coordenadora-geral de Incorporação Científica e Imunização do MS, Ana Catarina de Melo Araújo, a mudança do cenário é um resultado de uma intensa campanha de vacinação:
– A vacina contra o tétano é extremamente eficaz, mas depende dos reforços a cada 10 anos para garantir proteção. Muitas pessoas têm o esquema primário, mas deixam de fazer os reforços e acabam adoecendo.
A imunização das gestantes é essencial para proteger o recém-nascido, já que os anticorpos são transferidos da mãe para o bebê durante a gestação.
– Garantir que cada gestante receba a vacina dTpa em todas as gestações é uma das principais medidas para mantermos o tétano neonatal eliminado no país – reforçou a coordenadora.
Os especialistas também ressaltaram o aumento da vulnerabilidade entre idosos para o tétano acidental, grupo que, muitas vezes, abandona os reforços após a aposentadoria e se expõe a acidentes domésticos, quedas e ferimentos, situações comuns que podem levar à infecção. Outras populações de risco identificadas incluem trabalhadores rurais, homens adultos (que representam 85% dos casos de tétano acidental) e pessoas em regiões com menor acesso aos serviços de saúde.
Ações
Para enfrentar esses desafios, o Ministério da Saúde vem intensificando estratégias como capacitações para profissionais da Atenção Primária, busca ativa de gestantes sem registro vacinal, ampliação do acesso às vacinas dT, dTpa e pentavalente, além do reforço de campanhas sazonais, especialmente durante a campanha de vacinação contra influenza, quando idosos são orientados a atualizar seus esquemas.
– O tétano é uma doença grave, letal e totalmente evitável com cuidados simples e vacinação. Manter a vigilância ativa e a cobertura vacinal elevada é fundamental para que o país não volte a conviver com casos que já deveriam estar no passado – concluiu.
Vale lembrar que a vacina contra o tétano pode ser encontrada gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Em alguns casos, como em áreas de risco ou eventos específicos, os serviços de saúde locais podem organizar campanhas de vacinação, ofertando este imunizante.