Saúde

Grupo protesta contra liminar da  reversão sexual em Santa Maria

Thays Ceretta

 Não há cura para o que não é doença. Com essa frase é que grupos ligados ao movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) e ativistas integrantes de coletivos da cidade realizaram um protesto hoje em Santa Maria. Os manifestantes são contra a liminar da Justiça Federal que possibilita psicólogos ofereçam terapias de reversão sexual concedida pelo juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal. A concentração começou por volta das 14h na Praça Saldanha Marinho com a confecção de cartazes, faixas e pinturas no rosto. 

Conforme um dos organizadores do evento, Henrique Pivetta Viero, 20 anos, a mobilização aconteceu nas redes sociais logo após da divulgação da liminar e ganhou apoio de muita gente. 

– É muito bom saber que não estou sozinho nessa luta, a gente sente orgulho da a atitude das outras pessoas que estão aqui, isso mostra que muita gente pensa como eu, que nós vamos continuar lutando e que a gente não vai aceitar esse retrocesso. Se eu soubesse antes o que era ser homossexual, eu não teria ficado muito tempo sem descobrir qual era minha identidade – explica o estudante de Desenho Industrial da UFSM. 

 Liminar sobre reversão sexual provocou protestos

Pelo menos mil pessoas confirmaram presença nas redes sociais, mas de acordo com a organização 500 compareceram no ato chamado: #LGBTFOBIAÉDOENÇA - Não somos doentes - Não precisamos de cura. A bandeira com as cores do arco-irís que representa o movimento fez parte da manifestação tanto nas mãos das pessoas como nos rostos dos manifestantes. 

Rômulo Portella Silva, 27 anos, conta que quando descobriu que era gay, os pais aceitaram a orientação sexual de forma natural.  

– Eles me apoiam, afinal amor é amor. Estamos aqui porque queremos mostrar para a sociedade que a gente não é doente e que isso não tem cura, vamos tentar reverter essa liminar também– ressalta o estudante de culinária. 

Uma hora depois os manifestantes saíram em caminhada pelo Calçadão, desceram a rua Dr. Bozano, passaram pela Serafim Valando, Venâncio Aires e voltaram para Praça Saldanha Marinho. Em alguns momentos o trânsito ficou interrompido. Enquanto tomavam as ruas a comunidade LGBT cantava: Eu beijo homem, beijo mulher, tenho o direito de beijar quem eu quiser”. 

 Manifestantes fazem protesto sobre a cura gay no centro da cidade.
Foto: Gabriel Haesbaert / Newco SM

A estudante Júlia Puhl, 18 anos esteve no ato com as amigas apoiando a manifestação. 

– Eu acho importante a gente estar aqui e mostrar nosso apoio a eles, não importa se é hetero ou não, temos que respeitar todo mundo, somos todos iguais. Somos seres de desejos e nossos desejos podem mudar, todo mundo é livre para fazer o que quiser – comenta. 

 Moda sem gênero e empoderamento

A professora do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Martha Souza, que é ativista e pesquisadora há mais de 20 anos sobre a questão de gêneros, percebe que os movimentos estão crescendo a cada dia. A preocupação é quando os pais rejeitam os filhos, o que pode causar depressão ou ainda levar ao suicídio. 

– É muito importante eles estarem unidos, afinal, desde a década de 90 o Conselho Federal de Psicologia e a Organização Mundial da Saúde já comprovaram cientificamente que ser homossexual não é doença e isso nos preocupa porque muitos pais e muitos familiares não tem essa compreensão. Essa liminar pode reforçar o preconceito, pode reforçar a corrida para profissionais que não são tão éticos e penalizar essas pessoas que sofrem tanta injustiça ao longo de tantas décadas – salienta a enfermeira.  

O metalúrgico Jocelei da Rosa,  38 anos estava passando pelo centro da cidade e parou para ver a manifestação.

– Eu apoio e respeito, eles têm direito de se manifestar, estamos em tempos modernos e cada um pode ser o que quiser, uma pena que tem pouca gente – disse.

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DECISÃO

A Justiça Federal permitiu por meio de uma liminar, no dia 15 de setembro, que psicólogos possam tratar os homossexuais com terapias de "reversão sexual" sem censura por parte do Conselho Federal de Psicologia (CFP). A ação popular foi assinada por um grupo de psicólogos defensores das terapias de reversão sexual. O juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara do Distrito Federal mantém a integralidade da resolução, mas determina que o conselho não proíba os profissionais de fazerem atendimento de reorientação sexual. Além disso, diz que os atendimentos têm caráter reservado. Esse tipo de terapia é proibido desde 1999 pelo CFP. Desde 1990 a homossexualidade não é considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No dia 21 de setembro o Conselho Federal de Psicologia (CFP) recorreu da decisão ao Tribunal Regional Federal da 1º Região no Distrito Federal.  


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