Está ocorrendo aqui a 21º Semana Europeia da Mobilidade. Várias ações estão sendo realizadas com o objetivo de melhorar os deslocamentos dentro das cidades. Organizar o trânsito, estimular o transporte público, reduzir o número de carros, incentivar o uso da bicicleta são algumas metas da iniciativa que neste ano tem como tema #BetterConnections, termo inglês que significa melhores ligações.
Várias cidades de Portugal tem uma agenda até quinta-feira, 22 de setembro, para marcar a Semana da Mobilidade. Em Braga, foi apresentado à comunidade o projeto Braga Ciclável que promove a utilização da bicicleta. A ideia surgiu em 2016 quando um admirador do uso das “bikes”, Victor Domingos, começou a fotografar pessoas a andar de bicicleta e a falar sobre o tema em um blog. Logo, criou uma fundação sem fins lucrativos para debater o transporte sustentável sobre duas rodas. Atualmente, a fundação promove ações, palestras e oficinas para estimular o uso deste transporte alternativo e também organiza debates para discutir os problemas e os desafios em torno do tema. O aumento das ciclovias é uma das principais questões. O Braga Ciclável tem até aulas para adultos e crianças que querem aprender a andar de bicicleta.
Outras iniciativas interessantes que existem aqui e que estão em destaque na Semana da Mobilidade é o estímulo para que as crianças e jovens utilizem o transporte público para chegar às escolas, reduzindo a circulação de carros nestes trechos. A empresa que administra o transporte público junto com a Câmara (prefeitura) oferece autocarro (ônibus) de graça para estudantes até o 12º ano (que equivale ao 3º ano do Ensino Médio no Brasil). Para ter o acesso, basta solicitar um cartão, emitido de graça – a minha filha mais velha que está no 6º ano escolar tem o cartão. Aliás, está empolgada para, em alguns dias, ir sozinha de ônibus até a escola. Além dessa gratuidade, existe o Projeto Schoolbus, que abrange 8 escolas entre públicas e privadas. Nesta iniciativa, os autocarros saem de pontos específicos da cidade – chamados de interface – e fazem um itinerário exclusivo para as escolas integrantes. As inscrições são gratuitas e feitas no início do ano letivo. A principal questão é reduzir os carros no centro da cidade no horário da manhã, quando o fluxo é intenso e causa congestionamentos e lentidão.
Minha filha Isabella no outono de 2021 feliz com a bicicleta nova; nós incentivamos as meninas a andar de bike. Foto: arquivo pessoal
E para quem está se perguntando “mas o que nós aqui no Rio Grande temos a ver com isso?”, o fato é que os problemas de mobilidade e a necessidade da busca por transportes alternativos e sustentáveis ocorrem em todo o mundo. E saber o que diferentes países, estados e cidades estão a fazer pode servir de inspiração para a criação de projetos semelhantes.
Está nas manchetes dos jornais portugueses essa semana que o governo vai começar nos próximos dias a distribuir bicicletas e capacetes para 256 escolas de todo o país. A entrega é faseada e deve decorrer até 2024. A ação faz parte do projeto Desporto Escolar sobre Rodas, um trabalho conjunto do Ministério da Educação com o Instituto Português do Desporto e da Juventude que “sublinham a necessidade urgente de mudar os comportamentos da população escolar para a mobilidade sustentável e responsável”, segundo consta em um comunicado do Governo.
Eu, durante o período das aulas de Mestrado, ia de bicicleta para a universidade. Um caminho de cerca de 2 Km. O trecho também podia ser feito a pé, mas sobre duas rodas eu chegava mais rápido. Ir de carro era uma opção complicada, porque o percurso ficava mais longo, tinha congestionamento no acesso ao campus, para estacionar dentro da instituição era preciso fazer um cadastro e pagar e vaga de estacionamento na rua no entorno era, e é, “coisa rara”. Além do que, trocar o carro por outros transportes sempre tem vantagens. Com o preço dos combustíveis, andar de ônibus é mais barato. E se a troca for pela bicicleta então, a saúde agradece e dá para manter a boa forma.
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