“O trabalhador está indignado”, afirma presidente do Sitracover sobre risco de trabalhadores do transporte não receberem segunda parcela do 13º

“O trabalhador está indignado”, afirma presidente do Sitracover sobre risco de trabalhadores do transporte não receberem segunda parcela do 13º

Foto: Vinicius Becker (Diário)

A crise no transporte coletivo de Santa Maria também tem gerado apreensão entre os trabalhadores do setor. O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Santa Maria (Sitracover) relata que a categoria está indignada com a possibilidade de atraso no pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário e do tíquete-alimentação, previstos para o dia 20 de dezembro.


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O alerta surgiu após as empresas do sistema protocolarem, no Conselho Municipal de Transporte, um documento informando que a situação financeira é insustentável sem o repasse de subsídios por parte da prefeitura. O presidente do Sitracover, Rogério Santos da Costa, afirma que o cenário se repete há anos e gera insegurança justamente às vésperas do Natal. A manifestação ocorreu em entrevista concedida nesta segunda-feira (15).

— A categoria está indignada com a situação. É uma situação que vem se estendendo este ano e nos anos anteriores. A prefeitura se compromete com subsídio, dá pingado, não dá — critica.

Segundo Costa, enquanto Santa Maria enfrenta dificuldades, outras cidades de médio e grande porte mantêm políticas permanentes de subsídio ao transporte coletivo:

— É importante a população entender que a maior parte das cidades do Brasil está subsidiando a tarifa. Aqui, a gente fica sempre nessa mesma situação.


Prazo legal e expectativa até 20 de dezembro

A primeira parcela do décimo terceiro salário foi paga dentro do prazo legal, no dia 30 de novembro. A segunda parcela deve ser depositada até 20 de dezembro, conforme prevê a legislação trabalhista. O sindicato afirma que aguarda essa data antes de tomar qualquer medida mais contundente.

— O trabalhador se organiza conforme a lei. Ele recebe a primeira parcela e espera a segunda para comprar presentes, fazer a ceia de Natal. E aí, nesse momento, recebe essa notícia, que não é nada agradável”, disse Costa.

O documento das empresas tornou pública a possibilidade de não pagamento do benefício, alegando falta de repasse do subsídio municipal. Costa explica que a categoria pretende aguardar o prazo legal para o pagamento da segunda parcela para depois tomar uma decisão. 


Paralisações não estão descartadas pelos trabalhadores

Caso o pagamento não ocorra, o Sitracover não descarta a possibilidade de paralisações no transporte coletivo. A decisão, segundo Costa, caberá aos próprios trabalhadores, em assembleia.

— Isso não está descartado. Pela indignação do trabalhador, se a gente chamar uma assembleia, com certeza, o pessoal vai querer parar. A forma de parar quem decide é o trabalhador – conta.


Categoria encolheu e perdeu cobradores

Além da insegurança salarial, o sindicato aponta a redução significativa no número de trabalhadores do setor nos últimos anos. De acordo com Costa, a categoria já teve cerca de 1,1 mil trabalhadores e hoje dispõe de aproximadamente 500.

— Foram demitidos praticamente todos os cobradores, além de motoristas. Diminuiu o número de ônibus circulando, e isso afeta diretamente quem ficou – relata.


Críticas à gestão do transporte

O presidente do Sitracover também critica a falta de diálogo da prefeitura e a estrutura administrativa do município:

— Santa Maria é uma cidade de médio porte e acabou com a Secretaria de Mobilidade Urbana. Hoje, a gente não sabe nem para quem enviar um ofício. 

Costa também responsabiliza os vereadores pela aprovação de um orçamento com déficit.

— Os vereadores têm muita responsabilidade por aprovarem esse Orçamento. O transporte está na Constituição, junto com saúde e educação. Outras cidades avançam, algumas têm tarifa zero. Aqui, é uma enrolação que precisa de solução — conclui.


Redução de linhas e risco de demissões

Atualmente, o transporte coletivo opera com redução de linhas em função do recesso da UFSM. No entanto, o Sitracover acompanha com preocupação o pedido da Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) para redução de até 35% das linhas, caso não haja o repasse de cerca de R$ 15 milhões em subsídios.

— Uma redução desse porte, com certeza, gera rescisões de contratos. A gente não sabe como as empresas vão tratar esses trabalhadores nem como vão pagar essas rescisões — alerta Costa.


Em posicionamento encaminhado ao Diário, a ATU confirma a dificuldade financeira das empresas e o risco imediato de atraso nos pagamentos aos trabalhadores:


“O pagamento do vale alimentação seria hoje (segunda-feira), e não conseguimos pagar. Até agora, não conseguimos recursos para pagar a segunda parcela do 13º. A prefeitura deve o equivalente a dois meses e meio de serviço prestado pelas empresas, ou seja, as empresas trabalharam em 2025 dois meses e meio de graça para a Prefeitura. Se a prefeitura autorizar a redução, serão demitidos tantos funcionários quanto necessário para reequilibrar o sistema. De parte das empresas, não existe a possibilidade de paralisação, somos prestadores de serviço público essencial e, como tal, não podemos parar, salvo se não tivermos mais condições materiais de colocar os ônibus na rua, o que pode acontecer se os fornecedores de combustível e peças de manutenção deixarem de entregar os produtos por falta de pagamento. Ou seja, se as empresas falirem. Mas, certamente, se as empresas falirem, a prefeitura já deve ter um plano B”.


Prefeitura diz que avalia situação

Procurada pelo Diário, a prefeitura de Santa Maria informou, por meio de nota, que acompanha o cenário e analisa as dificuldades enfrentadas pelo sistema.


 “A Prefeitura segue avaliando todas as situações, levando em consideração as dificuldades que existem no momento”.


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