Após paralisação que afetou 20 mil passageiros, motoristas e cobradores aguardam decisão da prefeitura de Santa Maria sobre pagamento do subsídio

Foto: Divulgação

A auxiliar de limpeza Graciane Machado usa o transporte coletivo todos os dias para ir ao trabalho. Na manhã desta terça-feira (18), não pôde contar com o habitual meio de locomoção e precisou buscar outra alternativa. Assim como ela, centenas de usuários foram impactados pela paralisação e bloqueio em frente à garagem da Expresso Medianeira, realizada entre as 5h as 08h, que impediu a circulação de ônibus no início da manhã. Segundo a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), com a paralisação de 150 funcionários, 110 ônibus deixaram de circular no início da manhã, deixando de atender 20 mil pessoas.


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A paralisação ocorreu em frente à garagem da Expresso Medianeira, que opera 60% dos ônibus da cidade. O ato foi liderado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover-SM), Rogério Costa, e acompanhado por motoristas e cobradores que reivindicam a reposição salarial. Em entrevista ao Diário, o presidente esclarece que, desde a pandemia, o número de trabalhadores baixou de 1,1 mil para 500. Diante disso e da falta de reposição salarial, com defasagem acumulada de 36%, a categoria exige a inflação do período, que seria 3,82%, e 6% de aumento real. Em números, um motorista hoje recebe R$ 3.332. O ideal, conforme a entidade, seria R$ 3.878.

– É um protesto da empresa. Segundo a ATU, eles não conseguem fazer o reajuste por falta do subsídio pago pela prefeitura. Da pandemia para cá, as perdas salariais da categoria do transporte urbano de passageiros chegam a 36%. Precisamos resolver o problema – afirmou o presidente.

O subsídio, mencionado por Costa, é a diferença paga pela prefeitura na tarifa atual. Atualmente, os passageiros pagam R$ 5 e a prefeitura, por meio de um subsídio, R$ 1,15 para chegar ao valor de tarifa aprovada no ano passado, que é de R$ 6,15. Conforme a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), o Executivo não está pagando esse valor desde dezembro de 2023, sendo que o montante já passa de R$ 7 milhões.

Após três horas de paralisação, o presidente do Sitracover-SM, que estavam em frente ao Expresso Medianeira, comunicou os trabalhadores de que teve resposta da prefeitura e da ATU, de que seria recebido para uma reunião. Disse ainda que a paralisação surtiu o efeito esperado. Logo em seguida, as linhas de ônibus voltaram a circular na cidade, a partir das 8h desta terça, mas levou algumas horas até os horários voltarem ao normal. A decisão foi tomada após o presidente do sindicato da categoria, Rogério Costa, afirmar que a prefeitura e a ATU o chamaram para uma reunião. A indicação por parte da Expresso Medianeira é de que a empresa deve chamar uma greve, caso o problema não seja solucionado. 


Paralisação sem aviso prévio 

Usuários do transporte coletivo, ATU e prefeitura foram surpreendidos com a paralisação. Pela falta de aviso prévio, centenas de pessoas esperavam pelos ônibus na manhã desta terça-feira (18). Conforme o diretor da ATU de Santa Maria, Edmilson Gabardo, a decisão foi uma surpresa, já que na tarde da segunda-feira, uma reunião foi feita para alinhar a situação junto à prefeitura:

– Quando terminou a reunião, eu fiz o contato (com o presidente sindicato), mas ele resolveu atropelar, digamos assim, e fazer esse movimento completamente fora de qualquer propósito, prejudicando a população que não merece. Ficar a pé em um dia que nem hoje é um absurdo. E sem nenhum aviso. Então, não houve a compreensão por parte do sindicato e eles fizeram essa manifestação completamente intempestiva.

Durante o período de paralisação, a reportagem do Diário esteve no local e conversou com usuários que esperavam pelo transporte. Com a indefinição, alguns tiveram de voltar para casa e outros optaram por motoristas de aplicativo.

Eu não sei como vou chegar ao trabalho, fui pega de surpresa. Cheguei aqui na parada e me informaram que não ia passar nenhum ônibus. Eu estou aqui desesperada para chegar no meu serviço e não tem como. Vou precisar ligar para meus patrões para ver se conseguem me buscar – afirma a auxiliar de limpeza Graciane Machado, que esperava pelo ônibus na parada da Avenida Rio Branco no início da manhã.


Nova reunião

Nesta quarta-feira (19), uma reunião de representantes da categoria com a prefeitura deve negociar o pagamento do subsídio em atraso e a reposição salarial. O secretário de Mobilidade Urbana do município, Orion Ponsi, afirma que a prefeitura não descarta o reajuste da tarifa, principalmente neste momento em que recursos foram realocados para a assistência social após as chuvas de maio.

Já o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), em entrevista à Rádio CDN, garantiu que a prefeitura vai continuar com a política de subsídio:

– A garantia é que nós vamos continuar com o diálogo e continuar aplicando a política do subsídio. Nós temos um dos menores valores de tarifa do Brasil. O que eu não aceito é quando o trabalhador é pego de surpresa. Quer fazer uma greve ou paralisação se entender que é justa? Anuncia para o usuário poder se organizar.

Conforme o presidente da Sitracover, Rogério Costa, a categoria aguarda o encaminhamento dessa reunião que deve definir as pendências em relação ao transporte coletivo. Caso o problema não seja solucionado, o sindicato deve convocar uma greve junto às seis empresas que atualmente operam o transporte público em Santa Maria. 


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