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O exército de militantes e o jeito de buscar votos: telefone, 'Whats' e o trololó eletrônico

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Jaqueline Silveira (Arquivo Diário)
Em busca de votos durante campanha eleitoral de 2018

Veterano militante do canto destro da política, afastado há bons anos da lida direta, resolveu concorrer outra vez a vereador - função na qual, aliás, é emérito. Desde então, e faz um par de meses, não para de telefonar. Amigos, conhecidos e até figuras de antanho com as quais conviveu são objeto das ligações. Se apresenta como pré-candidato e põe-se à disposição. Enfim, vende seu peixe. 

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Recém-chegado às lides eleitorais (embora milite há bom tempo) um jovem pretendente do lado canhoto do espectro político também tem seu método, por certo a ser aprimorado ou modificado ou mantido (ainda não há como saber) ao longo da jornada. Qual? Dispara recados no "WhatsApp" para conhecidos ou não, além de participar de vários grupos com os quais nem sempre tem afinidade, mas que podem servir aos propósitos legítimos de disseminar seus pontos de vista.

De alguma maneira, todos os candidatos à Câmara, independente do matiz ideológico, se viram como podem para entrar na cabeça do eleitor e, quem sabe, convencê-lo. Trabalho infinitamente mais difícil dos que já detém cargo, e portanto com presença cotidiana na vida dos cidadãos.

No que toca aos candidatos majoritários, a situação não é muito, mas é diferente. Além de fazerem o mesmo que os pretendentes ao Legislativo, em tese, contam com um exército de militantes, quem sabe dispostos e fazer os telefonemas e os disparos do aplicativo de mensagens.

Além disso, terão mais espaço, mais adiante, no trololó eletrônico. O rádio e a televisão serão trunfos a ser utilizados. Enquanto isso não acontece e sem a possibilidade de reuniões minimamente massivas, o que resta é apenas a ação individual da militância.

Mas, e quantos são esses militantes - ainda que se saiba que a maior parte das filiações seja cartorial -, capazes, quem sabe, de desequilibrar o jogo, embora a ação limitada neste ano? O colunista extraiu os mais recentes dados (de julho) do Tribunal Superior Eleitoral e os expõe abaixo, conforme o número de partidos que compõem as alianças.

No total, os 31 siglas com vida legal em Santa Maria contam com 27.018 alistados. Os nomes dos pré-candidatos a prefeito e vice são, claro, extraoficiais. Confira:

  • Sérgio Cechim (PP) / Francisco Harrisson (MDB): PP (2.944 filiados), MDB (3.594), PL (736), Podemos (117), Solidariedade (96), Avante (16), PRTB (15) e Patriota (9). No total, 7.527 militantes.
  • Marcelo Bisogno (PDT) / Fabiano Pereira (PSB): PDT (2.720 filiados), PSB (837), PC do B (354), Rede (52) e PV (58). No total, 4.021 militantes.
  • Jorge Pozzobom (PSDB) / Rodrigo Décimo (PSL): PSDB (2.162 eleitores), PSL (372), DEM (1.558) e talvez PTB (1.937). No total, 6.029 militantes - sem o PTB, 4.092.
  • Luciano Guerra (PT) / Marion Mortari (PSD): PT (6.842 filiados), PSD (653). No total, 7.495 militantes.
  • Jader Maretoli (Republicanos): 695 filiados.
  • Evandro de Barros Behr (Cidadania): 478 filiados. 

Maria Helena Rodrigues é a candidata a vice, na chapa do Republicanos 

MULHERES
Sem coligações definidas (e se, isso afinal acontecer, será com agremiações ainda menores), dois partidos santa-marienses vão mesmo concorrer em faixa própria no pleito à prefeitura, em 15 de novembro. O Cidadania e o Republicanos devem mesmo confirmar os nomes já há muito tempo consolidados interna e externamente, respectivamente Evandro de Barros Behr e Jader Maretoli. 

Afora a busca solitária da vitória, tanto Behr quanto Maretoli, enfim, ostentarão as únicas novidades no pleito majoritário da boca do monte. Ambos terão, mesmo, parceria feminina a compor as chapas, como concorrentes à vice-prefeitura. No caso do Cidadania, a enfermeira Carla Kowalski. E o Republicanos apresenta a professora Maria Helena Rodrigues como candidata a vice.

PIONEIRO
O Partido Liberal decidiu, há já um bom tempo, que irá apoiar a dobradinha Sérgio Cechin (PP)/Francisco Harrisson (MDB), no pleito majoritário. E, salvo alguma modificação ainda desconhecida, também deve ser o primeiro a oficializar essa decisão. Afinal, é o PL que abre os trabalhos das convenções partidárias, já nesta segunda-feira. 

A agremiação presidida por Miguel Passini tem uma relação inicial e extraoficial de 18 concorrentes (12 homens e seis mulheres) ao Legislativo. E é esse conjunto de nomes que deve ser chancelado pelos convencionais.

Ida à urna pode ter desistentes em número maior que o habitual 


style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Charles Guerra (Arquivo Diário)


Dois fatores são citados como potenciais motivos para que cresça a quantidade de ausentes no pleito de 15 de novembro. Um deles a pandemia, que poderá fazer com que os desobrigados legalmente de comparecer sequer se deem ao trabalho de ir à seção eleitoral. O outro é o valor irrisório da multa cobrada dos alheios ao pleito: R$ 3,51 para cada turno no qual o eleitor faltou. Na pior das hipóteses, havendo a rodada final, o "custo" da omissão não justificada chegará a 7 pilas. 

A razão primeira, que faria com que quem tem 70 anos ou mais fique em casa ou faça outra coisa, é o medo. Sim, não há indicativos seguros de que a Covid-19 estará mansinha em novembro. A segunda é decorrente do (lamentável, aliás, mas inteligível) desencanto com a atividade política. Ela faria o eleitor imaginar que é mais barato não votar.

Como curiosidade, este espaço traz os números do último pleito municipal. Em 2016, estavam aptos a votar 203.043 santa-marienses. No turno inicial a abstenção alcançou 20,89%. Isto é, 42.409 eleitores não compareceram. Na segunda etapa, só entre os finalistas Jorge Pozzobom e Valdeci Oliveira, a abstenção aumentou: 45.062 eleitores se escafederam (22,19% do total).

Por ser fenômeno inusitado, só é fato que partidos e candidatos trabalham com a hipótese real de se amplificarem esses números. Em níveis que ninguém ousa prever. Diante dessa situação, que a todos parece inevitável, a questão é: quem mais perde com o crescimento do "tô nem aí" para a eleição? Ou, na outra banda, quem poderá se beneficiar com esse previsível fenômeno?

LUNETA 

IMAGEM 
A tentativa de emplacar na Câmara lei que (na hipótese de aprovada) será anulada ali adiante pela Justiça, sem que faça efeito, tem todo o jeito de ser algo só para agradar aliados e criar constrangimentos. E que, é preciso convir, não ajuda a melhorar a imagem do parlamento junto à comunidade. Aliás, nem mesmo aos possíveis parceiros, que se frustrarão ali na esquina. 

DEMAGOGIA 
A posição do Supremo Tribunal Federal, que já decidiu isso lá atrás, é absolutamente clara. Os governos municipais podem, sim, mudar decisões dos governadores. Mas só para torná-las mais rígidas, nunca para facilitar. Assim, é sonho de fim de inverno imaginar ser possível tornar essenciais serviços como academias ou templos. A não ser como fruto da demagogia da qual a política bem poderia prescindir. 

TALVEZ 350 
Dos 31 partidos políticos com vida legal na cidade, cerca da metade (15) não tem sequer 100 filiados. A maior parte, certamente, se ausentará da disputa eleitoral, inclusive para a vereança. É o que explica o fato de dificilmente se confirmar a previsão de mais de 400 concorrentes à Câmara. Na verdade, pelas listas extraoficiais disponíveis, devem chegar a 350. O que, convenha-se, é muita gente. Ah, em 2016, foram 214. 

PREJUÍZO 
Se, por ordem de seu comandante em chefe Roberto Jefferson, o PTB santa-mariense inaugurar essa história de "apoio" sem estar na chapa, além da dispersão de militantes insatisfeitos, que gostariam (e estarão liberados) de apoiar outros candidatos, o grande problema para a recandidatura do tucano Jorge Pozzobom é o tempo no trololó eletrônico. Não poderá somar os petebistas na propaganda de rádio e televisão. 

PARA FECHAR 
Creia, há descontentes em todas as alianças formadas até aqui. Pelo que se percebe, são posições minoritárias e incapazes de causar mudanças mínimas no que já está acordado. No entanto, tentam passar a ideia de que há chance de alguma modificação, até mesmo durante as convenções. São sonhos, não mais que sonhos. E até alguns delírios, nada além.

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