claudemir pereira

As tretas (sim, elas existem) que precisam ser administradas por quatro consórcios

Para quem acha que campanhas são permanente lua de mel, um aviso: mentira. E grandona. A felicidade até pode chegar, e esse é, no início, inclusive no namoro, o objetivo estratégico. Na política, porém, não é raro haver mais conflito que abraços - estes ficam só para ocasiões públicas.

Dito isto, que se diga, no episódio eleitoral atual na cidade, há tretas a serem geridas em ao menos quatro das seis duplas que se agrupam para a refrega de novembro. A seguir, você conhece uma de cada consórcio que disputa a prefeitura, respeitada a ordem alfabética a partir do nome do líder da dobradinha.

  • Jorge Pozzobom/PSDB - Rodrigo Décimo/PSL: Aqui, o espírito indócil a ser domado é o DEM, que acreditava estar tudo certo para emplacar o candidato a vice, lugar destinado ao ex-secretário de Desenvolvimento Rural Rodrigo Menna Barreto, que até se desincompatibilizou com essa ideia.
    Só com muita conversa, a treta começou a ser resolvida, obviamente com os espaços demistas devendo se agrandar no governo atual e no futuro, se a vitória chegar. Nesse cenário, até mesmo o enrosco com o PTB (apoia ou coliga), ficou para trás

  • Luciano Guerra/PT - Marion Mortari/PSD: Nesse condomínio liderado pelos petistas, é entre eles que a treta se instalou. Nem a disciplina historicamente conhecida conteve o estrago, a ser ainda medido.
    Tem a ver, inicialmente, com o descontentamento do dito PT "raiz" em relação ao seu próprio integrante da dupla. E, depois, a aliança com um partido do "centrão" e que indica para vice quem não nega ser pró-Bolsonaro. Um grupo de militantes fica de cabelo em pé e com escassa disposição para buscar votos. O centralismo petista deve dar conta da ronha. Mas, há quem pergunte, e as sequelas?
  • Marcelo Bisogno/PDT - Fabiano Pereira/PSB: Fala a verdade: você sempre teve dúvidas sobre ver os dois juntos. Não esquenta: era questão também no interior do grupo que tem ainda o PC do B, o Rede e o PV. E se duvidava até que o preterido pudesse virar vice.
    Isso foi ultrapassado. Mas, e essa é a treta, a base das siglas anda desconfiada. E tem gente saltando fora. É o caso de um dos "pitbuls", que era Fabiano na Terra e Deus no Céu, e se bandeou para o lado de Cechin. Fato isolado? Talvez. Mas, se não for contido, as consequências são imprevisíveis

  • Sérgio Cechim (PP) - Francisco Harrisson (MDB): O começo de tudo é a amplitude. É preciso gerir oito siglas diferentes. Dito isto, o que importa são os protagonistas. E a grandeza de ambos, creia, sem desprendimento, é foco de conflitos mesmo antes das convenções.
    O colunista já ouviu queixas dos dois lados. No PP, é a escassa "assistência" emedebista nos primórdios. No MDB, a preocupação exposta por dois históricos é com o que entendem "fechamento" do PP em torno de Cechin, dificultando até papos de organização da campanha. Claro que tudo pode se resolver. E assim será. Mas é bom marcar de cima. Do contrário, babaus

FALTA DE SABOR DAS CONVENÇÕES ONLINE

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação

A primeira das convenções na cidade ocorreu na segunda, dia 31. O PL deu a largada. E reuniu seus filiados num encontro presencial. É verdade que poucos. Mas, ainda assim, muito mais saboroso, animicamente, que uma reunião virtual. Até a presença do pré-candidato a prefeito Sérgio Cechin, do PP, deu tom mais político que o mero conclave amorfo pela internet.

Por conta da pandemia, porém, e com as necessárias restrições sanitárias, é o que se verá até dia 16, quando, muito provavelmente com o PSDB, termina esse fundamental período do calendário - após o qual, é contar o tempo para o início oficial da campanha.

Que se diga: é verdade que a situação é impositiva. Mas não é menos verdade que a graça de uma convenção cheia de bandeiras, discursos e até algumas opiniões megalomaníacas faz toda a diferença no que toca ao incentivo aos militantes.

Adequar-se à situação é um coisa. Achar bonita é outra, bem diferente. E ponto. Ah, até o fechamento desta coluna, exceto o Rede Sustentabilidade, que faria sua convenção na noite desta sexta, e o PL, já citado, todos os demais partidos vão sufragar seus candidatos entre os dias 9 e 16, já na parte final do prazo legal.

UMA CAMPANHA BARATA? NEM TANTO!
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou, nos últimos dias, o investimento máximo que os candidatos podem fazer para bancar a campanha. Vale para os concorrentes à prefeitura e, também, para a Câmara de Vereadores. O cálculo do TSE foi feito com base no limite permitido no pleito municipal de 2016, acrescido da inflação do período. No percentual acumulado, 13,9%.

Assim é que, no caso específico de Santa Maria, os candidatos ao Executivo poderão gastar até o máximo de (em números redondos) R$ 877 mil, no primeiro turno. Os dois finalistas, se houver uma segunda etapa, poderão acrescentar outros R$ 350 mil. Para quem concorre ao parlamento, o limite de gastos foi fixado em R$ 57 mil.

Esses são os números oficiais, definidos em gabinetes bem refrigerados e com o auxílio de planilhas. Agora, a realidade factual e tendo Santa Maria como o exemplo óbvio. Descartando os recursos regados pelo Fundo Eleitoral, e dependendo da estratégia nacional e estadual de cada sigla, de onde os candidatos vão tirar o troco? Aliás, recursos que, se vierem, serão só para os concorrentes ao Executivo.

Situação dos candidatos a vereador, exceto os de maior visibilidade e potencial perceptível a financiadores privados, é ainda pior. De maneira que, pode apostar, quando forem publicadas as prestações de contas, nelas constará que a quase totalidade das campanhas à Câmara será bancada, meeeesmo, é pelos próprios concorrentes.

E mais: sem o corpo a corpo, o troco (e aqui se fala nas candidaturas majoritárias), escasso ou não, irá quase todinho para o trololó eletrônico, a chamada propaganda pelo rádio e televisão, a rigor, a única possibilidade massiva de contato com o eleitor. Por aí vão escoar os recursos. Que, sim, não serão baratos, ao contrário do que pode parecer.

LUNETA

SARGENTOS
Inclusive pela ação do empresário Carlos Costabeber, aparentemente, as autoridades se mexem muito mais fortemente agora, em busca de conquistar para a cidade a Escola de Sargentos do Exército. Com poucas exceções, e talvez uma certa dispersão, os esforços são visíveis. O deputado novista Giuseppe Riesgo (foto abaixo), inclusive, esteve na quinta-feira em Brasília, papeando com o próprio comandante do Exército, general Edson Pujol.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Adelar Martins (Divulgação)

ANTICOVID!
Maioria dos candidatos a prefeito, para não dizer todos, só "sob tortura" tratam das ações antiCovid na cidade. Fogem do tema imaginando, claro, que se houver desgaste, que seja do atual governante. Em resumo, não entram em dividida. Claro que já devem tê-los avisado do risco da, digamos, estratégia, pois há quem dê outro nome a esse jeito de encarar a situação.

NAS INTERNAS
Nos bastidores, grão-duques emedebistas não escondem sua preocupação. Não com o pleito majoritário, em que o partido, como coadjuvante do PP, via Francisco Harrisson, imagina ser possível vencer. Já com a eleição proporcional a conversa é outra. Nas internas, diz-se que a nominata (ainda não oficial, o que é esperança de alguns) não recomenda acreditar em número superior a dois eleitos. E olhe lá.

VIA TSE
Marion Mortari, do PSD, como já se especulava, foi, junto com outros fichas-sujas na mesma situação, liberado pelo TSE para concorrer e será mesmo o candidato a vice, na aliança pessedista com o PT de Luciano Guerra. Sua inelegibilidade, como a de outros na mesma situação, vai até 7 de outubro, exatos oito anos depois do pleito em que teria cometido o crime eleitoral. Como a eleição foi para novembro, ele já pode concorrer.

PARA FECHAR!
Partidos maiores se estrebucham, nesses últimos dias, visando a melhoria de suas relações de candidatos a vereador. Há duas preocupações básicas: (a) faltam candidatas mulheres competitivas para cumprir a quota de gênero e (b) também não se encontram homens eleitoralmente qualificados para chegar ao máximo permitido pela legislação: 31 concorrentes.

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