claudemir pereira

Campanha de rua? Ela virá, mas só mais tarde

Claudemir Pereira

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Há quatro anos, exatamente neste 3 de outubro, então um domingo bonito, dezenas de milhares de santa-marienses iam às urnas. Muito provavelmente, suficientemente informados para formar convicção acerca de quem receberia seu voto, tanto para prefeito quanto para vereador. Era o primeiro turno daquele pleito. 

Mas, que se diga, somente duas ou três semanas antes houve um incremento na campanha de rua das oito alianças que disputavam o pleito à prefeitura e das seis coligações e quatro partidos (solitos) que se apresentaram à disputa para a Câmara. As razões não foram suficientemente pesquisadas, mas não precisa ser um gênio para saber que o troco estava curto, inclusive porque não havia mais a doação de empresas, e os partidos não colocam tanto dinheiro assim nas campanhas.

Vai daí que, diante das circunstâncias, melhor o eleitor saber, desde já: não precisa esbravejar contra os candidatos. Sim, eles vão demorar a aparecer na sua frente. E não é apenas por conta da pandemia, que impõe um conjunto quase intransponível de restrições à propaganda eleitoral, praticamente restrita ao trololó eletrônico - que, por sinal, começa na próxima sexta-feira, dia 9 - e ao fuzuê das redes sociais.

Mas, e quando, afinal, será possível perceber os sinais nas ruas, de que haverá uma eleição dentro de 43 dias? Sim, porque não é proibido colocar alguém em cada esquina com uma bandeira, desde que não haja aglomeração.

A resposta que foi dada ao repórter por um dos líderes de uma das campanhas majoritárias (e que prefere o anonimato): - se depender de nós, quanto mais tarde melhor.

Ele negou qualquer contato com outros dirigentes, para um acordo, mesmo que informal, nesse sentido. Mas garantiu que, se pudesse, combinaria com os adversários o menor tempo possível para a campanha. E por quê? A resposta é muuuito simples: falta de grana.

Como assim? São pelo menos 50 pessoas (para poder "aparecer" a campanha) em vários pontos da cidade, a um custo de pelo menos R$ 5 mil. Por dia. É o que significaria, compondo o mix de cachê, transporte e alimentação. Em duas semanas apenas desse tipo de propaganda humana, seriam R$ 75 mil.

Outro integrante de coordenação de campanha, também ouvido pelo escriba, confirmou os números e reconheceu que, pelo menos neste ano, só com um "milagre da reprodução de recursos" será possível conceber campanha minimamente parecida com outras, em pleitos anteriores.

Aliás, e isso é o mais curioso, ou trágico, ou desagradável, ou interessante, ou até bom, dependendo do jeito que o leitor encara a questão, é que a pandemia, por mais restritiva que torne a propaganda, e é, acaba por se transformar no escudo dos tesoureiros. Mas, creia, em algum momento, o bolso terá que abrir. Mais tarde. Bem mais tarde. Mas abrirá. Acredite.

Sem caminhadas, visitas (quase) individuais 
Caminhadas pela periferia da cidade. Carreatas quilométricas, com apoiadores fazendo a festa de moradores aglomerados. Enfim, amplo contato com o público. 

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Isso, claro, há quatro anos, em que falar numa possível pandemia provocaria grande risada. De todo modo, então, todo santo dia, uma (ou as duas) dessas ações aconteciam, pelo menos no que tocava aos candidatos ditos protagonistas.

Agora, no entanto, e até que os coordenadores de campanha e os próprios candidatos majoritários se acostumem ao novo jeito de buscar voto em meio à excepcionalidade, nota-se grande dificuldade de montar as programações dos concorrentes.

Tome-se o Diário da última quinta-feira, na página dedicada à agenda dos candidatos a prefeito, no dia anterior. Metade dos concorrentes se envolveu em atividades internas. Um, por força da Covid, até com presença virtual. Os outros dois tiveram como principal ação a visita a autoridades ou reunião interna.

Já os concorrentes que foram às ruas, um foi, com sua equipe, gravar para o trololó eletrônico. Os outros dois, sim, fizeram visitas. Um, como mostra a foto publicada no jornal (aliás, com a anfitriã sem máscara), foi à periferia e papeou com moradores. O outro visitou uma militante. Ações coletivas, nem pensar.

Prepare-se, (e)leitor: salvo grande e hoje invisível invenção, a campanha será isso. E o rádio e a TV. Nada de grandes manifestações.

As razões por que "caiu" para 320 o número de candidatos ao Legislativo 
Conforme o calendário eleitoral atualizado, por conta da mudança da data do pleito, até esta quinta-feira ainda era possível registrar candidaturas junto à Justiça Eleitoral. Há outros prazos a ser cumpridos, antes que se oficializem, enfim, os concorrentes a prefeito, vice e vereador. 

Independentemente, porém, do que acontecer nos próximos dias, já há um fato a ser contado como final: cerca de 20% das listas de pré-candidatos a vereador acabaram por não se confirmar. De 375 (e aqui mesmo se publicou a possibilidade de chegar a 400) concorrentes, não mais de 320 foram confirmados nas convenções.

O que aconteceu, no meio do caminho, para essa redução? Uma das razões, como apurou o repórter, é a necessidade dos 30% de candidaturas femininas. Houve siglas que tiveram de reduzir a quantidade de homens nas suas listas, para se adequar à quantidade das militantes dispostas a encarar a disputa - em número menor ao legal. Aliás, descobriu-se, assim, de repente, que não havia tantos candidatos (homens e mulheres) interessados, meeesmo, em concorrer.

Tudo o que você leu acima, e que é real, não esconde, como contou um militante graúdo a este espaço, o principal motivo para a reversão da expectativa numérica de concorrentes ao Legislativo. O que aconteceu mesmo foi a desistência pura e simples.

E aí se alinham duas razões básicas. Uma, mais lúdica, é a união de esforços. Isto é, alguém sai de cena e passa a apoiar amigo ou parceiro com hipotética chance maior de se eleger. Outra, bastante prática: a dificuldade para fazer campanha sem garantia de recursos de partido e financiadores privados, exceto os do próprio bolso. Sim, isso pesou.

O resultado é que o número de candidatos caiu. Mas ainda, cá entre nós, é enooorme. Afinal, foram 214 há quatro anos. E 320 (pouco mais, pouco menos) são opções que não acabam mais. Né?

LUNETA

O QUE SOBROU
Propaganda dos candidatos a vereador se multiplicam pelas redes sociais. Diga-se, com qualidade gráfica bem razoável, na maior parte casada com a linha visual ditada pelos partidos e/ou coligações. O Facebook, aparentemente, é o favorito. Diante da impossibilidade de ousadias pelas ruas, sob pena da patrulha alheia e, claro, das limitações sanitárias, pelo menos nessa primeira semana de campanha, é o que sobrou.

E O PARTIDO?
Já é possível observar que boa parte dos candidatos ao Legislativo santa-mariense está dando uma banana para as candidaturas majoritárias. É cada um por si e Ele por todos. Salvo exceções (e são tão poucas, meeesmo), a maioria só faz a própria propaganda e a chapa para a prefeitura que se lixe. Quando há a citação do candidato a prefeito é de um tamanho diminuto, que é preciso fazer esforço para notar.

LOROTA
Patrulhas estão soltas, como sempre. A mais recente iniciativa do povo que as compõe é criticar o que consideram "esconder as própria cores", por parte dos partidos. Lorota pura. Para ficar em quatro exemplos: os petistas locais mantêm o vermelho e o amarelo como preferenciais, os tucanos o seu azul e amarelo e o emedebismo com tons de vermelho e preto. Ah, e o PP é azul. Podem mudar o tom, mas não escondem a origem.

PROTAGONISTA
É verdade que a escolha dele, a par de qualidades pessoais e de gestão, já foi uma óbvia tentativa de casar o político com o econômico. Mas o fato é que Rodrigo Decimo (foto), candidato a vice, nesses dias em que Jorge Pozzobom (que encabeça a aliança) esteve derrubado pela covid, acabou alçado ao protagonismo. Assim, comandou ações de campanha, nesse momento, até por causa dele, voltadas mais à área empresarial.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

PARA FECHAR!
É grande e estafante o trabalho das equipes de rádio e TV das alianças e partidos. Todos dando uma lenha danada para ficar em condições de colocar no ar, a partir da próxima sexta, o trololó eletrônico que - para não poucos, inclusive este escriba - será decisivo para a tentativa de convencimento do eleitor.

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