Opinião

Se você encontrar um jabuti em cima de uma árvore, desconfie!


Jabuti não sobe em árvores. Se você encontrar um, ou muitos, pode saber que alguém o colocou lá.

Na área de recursos humanos, quando fazia consultoria, muitas vezes chegava em empresas públicas ou privadas e encontrava pessoas despreparadas para ocupar determinados cargos ou fazer determinadas tarefas (eram os jabutis). Minha tendência inicial era demitir ou trocar de atividade.

Mas a realidade não era tão simples assim. Alguém colocou estas pessoas lá, com grande poder de decisão, por algum motivo que, no primeiro momento, não entendia.

Foi necessário o amadurecimento para aprender a lidar com os jabutis. E, na medida do possível, tirar os jabutis de cima das árvores sem ser demitido e sem gerar muito sofrimento.

No momento da economia atual, onde se busca o melhor resultado, não podemos mais trabalhar com pessoas despreparadas, e pessoas são o maior patrimônio de uma empresa. Pelo grupo de trabalho, já podemos dizer quem estará no mercado na próxima década.

Na área pública, os jabutis, normalmente, são os cabos eleitorais, as trocas de favores e os acordos de maioria para permitir a tão famosa governabilidade que permite aprovar verdadeiros absurdos do ponto de vista do eleitor. Nesta área, também precisamos técnicos competentes para gerir a coisa pública, e não de jabutis.

Nas empresas privadas, também precisamos de conhecimento e competência para desenvolver um bom trabalho.

Muitas pessoas com recursos financeiros vêm até o shopping procurando oportunidades de abrir um negócio, mas sem nenhuma experiência e sem conhecimento especifico do mercado onde quer atuar. Converso muito e procuro avaliar se o negócio é viável e se o candidato a empreendedor tem perfil para trabalhar muito. Nossa rotatividade de lojas é uma das menores do Brasil. Quem abre, tem grandes possibilidades de ter sucesso e não se tornar um jabuti lojista. Às vezes, aconselho a buscar trabalho em lojas semelhantes as que desejam abrir por, no mínimo, seis meses para ver como funciona o negócio. Temos alguns casos de sucesso desse tipo.

Aconteceu também um caso muito interessante, com um grande lojista que queria ajudar uma afiliada. Me procurou e começamos uma negociação para montar uma loja para a afiliada. Chamei a candidata, conversei algum tempo e cheguei à conclusão que ela não tinha perfil para gerir um negócio.

Bem tranquilamente aconselhei o padrinho a dar uma boa mesada, que seria mais barato e daria menos incômodo. Ele me olhou estranho e disse: "vou dar esta chance a ela. Quero que ela cresça".

A loja foi aberta e fechou em dois anos com um enorme prejuízo. O padrinho até hoje ficou meu amigo e diz "eu deveria ter te ouvido". Teria economizado um bom dinheiro e mantido a amizade com minha afiliada. Ela era um jabuti no shopping, a loja estava fora dos padrões de atendimento e nunca deu o resultado esperado.

O varejo de hoje exige conhecimento, dedicação, competência e vontade de trabalhar.

Hoje, talvez a vontade de fazer seja o mais importante, porque as outras caraterísticas podem ser adquiridas.

Não seja mais um jabuti, procure fazer algo que goste para trabalhar e não estará trabalhando nunca.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Espelho, espelho meu! Anterior

Espelho, espelho meu!

Administração pública não é empresa privada Próximo

Administração pública não é empresa privada

Colunistas do Impresso