Saudade: uma luz que não apaga

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Na última quinta-feira, 30 de janeiro, aqui no Brasil, foi comemorado o Dia da Saudade, com o objetivo de recordar os tempos passados e as pessoas que partiram. A palavra saudade é de origem latina, do vocábulo "solitatem", que quer dizer solidão, por isso, existe o mito de que saudade seja uma palavra intraduzível. O sentido que a "falta" tem para cada pessoa varia de acordo com a cultura do país. Uma empresa britânica, que teve a colaboração de mais de mil tradutores, criou uma lista onde constam as palavras mais difíceis de traduzir em todo o mundo. Saudade foi considerada a sétima palavra mais difícil de se traduzir para outros idiomas, não pela expressão, mas pelo sentimento que envolve. 

Segundo a professora, doutora Cristina Bertioli Ribeiro, especialista em linguagem e autora de livro sobre o folclore brasileiro, para os brasileiros, o sentido da palavra tem relação com às três raças que formaram o país: índios, portugueses e africanos. Os portugueses estavam longe de casa, os índios tiveram a sua terra invadida e foram escravizados e os africanos que, também, foram privados da liberdade, ainda, foram retirados de seus lares. Por esse motivo, a saudade dos brasileiros é diferente da de outros povos.

Não há dúvidas de que a saudade é um sentimento contraditório, pois, para alguns, é sinônimo de sofrimento e, para outros, de alegria.

Os estudiosos dos sentimentos definem a saudade como um transporte sentimental que leva diretamente a uma pessoa, um lugar, uma situação, uma sensação ou até mesmo a si próprio, quando se sente falta de quem se era. Para mim, a saudade é um sentimento bom. É uma viagem no tempo. É a volta ao passado para reviver momentos marcantes. Quando chego lá, mesmo passados vários anos, sou tomada pelas mesmas emoções da época e, de forma quase inconsciente, começo a sorrir. Se tivesse que desenhar a saudade, desenharia uma estrela, pois, mesmo não existindo mais, ainda podemos ver a sua luz.

Por isso que, de todas as formas de expressão de saudade, a que mais me identifico, é a poesia de Lilian Vereza: "Saudade é o sorriso que a alma dá por dentro. Quando a memória faz cosquinha no sentimento e traz à tona algo que respira no peito, fazendo leito para as presenças transparentes.

Saudade é o que não se vê, é o que não se alcança, é o cheiro que existe na lembrança. Saudade é o sentimento que dá a mão, com o ontem e o amanhã, e nos deixa à margem de uma sensação de eterna infância. É o dia depois das ausências; a véspera de acertos de contas com as faltas acumuladas... Há quem afirme que saudade é um verso. Eu conjugo saudade, ainda que lhe falte a rima, como um gole de sentimento".