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O poder político é o gerado por grupos humanos quando se organizam em movimentos, associações, comunidades, Estados nacionais. Na democracia representativa, o poder de todos é delegado a "poderes constituídos". Como outros tipos de poder - familiar, religioso, cultural, econômico - exerce atração, pode causar impactos positivos e negativos e quem o alcança tende a querer mantê-lo.
Desde a Segunda Grande Guerra, o poder político local, regional e nacional não enfrentara tamanho desafio como o da pandemia da Covid-19, com gestores sacudidos por inesperada e desconhecida missão fora dos habituais parâmetros. As reações foram do enfrentamento nas mais diversas formas, controvérsias científicas, tentativas de negação da gravidade do surto, chegando a posturas extravagantes. Uns geriram bem ou mal a luta contra a pandemia, priorizando tentar salvar vidas mesmo com sacrifícios; outros apenas temeram a crise e a perda do poder.
A história dirá no futuro quem acertou ou errou na gestão da pandemia entre os que a levaram a sério. Os demais produziram apenas jocosas historietas.
Donald Trump, negacionista no início, chegou a sugerir adiar eleições, alegou risco de fraude no voto pelos correios, fez muxoxo sem responder se entregaria o cargo em caso de derrota.
Nos Estados Unidos, tais extravagâncias tendem a ser mera parolagem de campanha porque instituições sólidas cumprem o rito democrático, se ganhar fica, se perder vai para casa.
Mas, lembrou "repúblicas de bananas" de décadas passadas: nações pobres onde haviam golpes de estado e eram satirizadas pelos povos desenvolvidos.
Já em Belarus, Alexander Lukashenko, outro negacionista, governando desde 1994, receitou vodka e sauna para enfrentar o coronavírus, fez mais uma reeleição de duvidosa legitimidade e enfrenta a fúria da reação popular nas ruas.
Aliás, o incêndio das ruas era temor de governantes que preferiram negar a gravidade da pandemia e a necessidade de medidas drásticas. Houve quem, para preservar e aumentar o seu poder, tenha insinuado aparato militar fechando tribunal como nas repúblicas de bananas. Deve ter sido advertido que instituições e sociedade civil não aceitariam tamanho retrocesso.
No Brasil, o Congresso Nacional com velhos conhecedores dos mecanismos do poder, indicou o caminho para se fortalecer na crise: socorrer os necessitados, financiar soluções. Quem temia ruas incendiadas e mandato ameaçado passou a surfar na popularidade de auxílios emergenciais, verbas a Estados e municípios, financiamentos para a retomada da economia, renda Brasil, etc.
Para alguns isso foi aderir ao "sistema" e à expertise de antigas raposas. Todavia, a crise social foi amortecida, a economia sentiu benefícios e o temperamental mandatário acalmou-se na geração de polêmicas. Governadores e prefeitos continuam com ônus maior de gerir a reação à pandemia e seus erros e acertos o futuro avaliará.