plural

PLURAL: os textos de Márcio Bernardes e Rony Cavalli

18.398


Precisamos de um Socialismo Ecológico

Márcio de Souza Bernardes
Advogado e professor universitário


style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">

Embora tenhamos nossas peculiaridades no Brasil, o fato é que todas as crises que estão em nossa ordem do dia são decorrentes, em maior ou menor medida, de uma crise muito mais complexa e profunda: uma crise civilizacional, decorrente do modo como foi constituída a chamada modernidade, entre os século XVI e XX. Na década de 1970, o filósofo austro-francês Andre Gorz, um dos primeiros a escrever sobre a relação entre a Ecologia, a política e o capitalismo, afirmou no livro Ecologia e Política (1978): "nós sabemos que o nosso modo de vida não tem futuro". Esta afirmação continua ressoando em nossos corações e mentes. De fato, a crise que se abate sobre a natureza e a sociedade tem em sua raiz comum o modo pelo qual a sociedade capitalista produz e consome.

Sistema falido 

A sentença de Andre Gorz, além de não ter sido desmentida, tem sido comprovada pelas pesquisas sociais e pelos fatos que nos cercam. Basta observarmos as mudanças climáticas, as incessantes queimadas e destruição de floresta, montanhas e rios, a quantidade de lixo despejado em rios e oceanos, bem como o aprofundamento da desigualdade, a pobreza crescente, as crises sanitárias, as doenças decorrentes de vírus de natureza zoonótica, etc. Se há alguma coisa que deveríamos aprender deste tempo, é que o sistema pelo qual organizamos nossas vidas está falido, não deu certo e estamos rumando rapidamente para a extinção da vida no planeta. Ou encontramos uma alternativa efetiva que tenha por base uma mudança profunda de rumos, ou estamos fadados ao extermínio. Esta alternativa passa por romper com a hegemonia da forma de sociedade capitalista, produtivista e mercantil. Este recado tem sido dado em várias partes do globo terrestre.

O recado das eleições francesas

Embora o Brasil viva um extremo retrocesso na questão ambiental, com um governo que aprofunda tudo o que deu de errado ao longo da história, podemos ver que muitos se recusam a morrer sem, pelo menos, tentar algo diferente. As eleições francesas nas últimas semanas deram um recado. A socialista, com forte discurso ecológico, Anne Hidalgo, foi reeleita como prefeita de Paris. Além disso, grandes cidades francesas, como Lyon, Marselha, Bordeaux, Estrasburgo, Poitiers, Besançon e Tours, apresentaram significativas conquistas para o Europe Écologie Les Verts (EELV), partido dos "verdes". Pautas sociais aliadas à importância da ecologia, demonstram que, talvez, este seja o único caminho para a sobrevivência. De acordo com André Gorz, precisamos de uma inversão de valores que coloque sociedade e natureza no centro promovam seu "bem viver", qualidade de vida e o pleno desenvolvimento de todas suas potencialidades.

Juros x orçamento do MEC

Rony Pillar Cavalli
Advogado e professor universitário


style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">

O plano real possibilitou debelarmos uma inflação que chegava a 47,43% no mês imediatamente anterior a sua implementação, em 01/07/94. Já no mês seguinte a inflação caiu a 6,84%.

O resultado deu a popularidade necessária ao então ministro da economia FHC para eleger-se Presidente.

Apesar de se poder fazer várias críticas ao governo FHC, suas principais ações foram um início de um plano de privatizações de estatais que acumulavam prejuízos ou lucros pífios sob à administração pública. Para ficarmos apenas no exemplo da Embraer, esta em seu último ano de estatal acumulou um prejuízo de 321 milhões de reais.

As privatizações foram tímidas, porém o programa de ajuste fiscal contribuiu significativamente para o equilíbrio das contas públicas.

As reformas com viés liberal, apesar do resultado econômico e de equilíbrio de contas ter sido satisfatório, erros em outros setores desgastaram FHC, abrindo caminho para a vitória de Lula em 2002.

O salto da dívida

O PT recebeu a Presidência com a inflação debelada, uma economia equilibrada e pronto para dar sequência às reformas. Em seu primeiro mandato, mantendo a política macroeconômica do governo FHC, parecia que o PT havia deixado para o campo dos sonhos seus devaneios socialistas.

Tendo recebido o País com uma dívida em torno de 860 bilhões, já no primeiro ano do segundo mandato de Lula, a dívida saltou para 1,4 trilhão e a guinada populista tanto de Lula como de Dilma Rousseff, praticamente distribuindo dinheiro, em um projeto tresloucado de perpetuação no poder, com escandalosa corrupção e superfaturamento de todas as contratações com objetivo de abastecer o PT e seus aliados com dinheiro para sustentar campanhas milionárias e ganhar eleições, a dívida chegou a 3,5 trilhões em 2015 e hoje está na casa dos 4,3 trilhões.

O orçamento total do MEC gira em 120 bilhões, ao passo que os juros da dívida pública monstruosa criada pelo populismo desenfreado petista gira em torno de 620 bilhões ano.

Governo com responsabilidade fiscal 

Então, peço licença para sonhar com um governo com responsabilidade fiscal, que em quase dois anos não teve nenhum escândalo de corrupção. Sonhar mais com novo plano econômico e que desta vez as privatizações sejam totais, retirando-se o Estado de toda e qualquer atividade empresarial que não seja seu papel, promovendo rigoroso ajuste fiscal e diminuição do tamanho do "leviatã" criado pelo PT e, um dia, quem sabe, ao invés de pagarmos 620 bilhões de juros, gastemos este mesmo valor em educação e teremos todas as escolas no nível dos colégios militares.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Ciência e religiosidade em tempos de pandemia Anterior

Ciência e religiosidade em tempos de pandemia

PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio Próximo

PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

Colunistas do Impresso