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Os perigos da universidade pública

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Virou moda, nestes árduos tempos de obscurantismo, achincalhar a universidade pública. Desde empresários falastrões e oportunistas, passando pelo mal-educado ministro da (des)Educação até chegar ao ocupante da imperial cadeira palaciana do Planalto, todos os vanguardistas do atraso se julgam no direito de vilipendiar o mais importante dos nossos instrumentos de persecução da independência sócio-cultural e da libertação econômica.

Em nosso caso, só a educação pública e de qualidade - em cuja base está a pré-escola e em cujo topo está o Ensino Superior - será capaz de redimir nossas culpas e atrasos ancestrais e permitir que nos transformemos em um Estado efetivamente democrático, assentado nas premissas da lei e do Direito e comprometido com a inclusão e o fim do desnivelamento social sedimentado há séculos em extratos culturais que, ao longo do tempo, se têm mostrado impermeáveis às transformações que nos poderiam (podem) tirar da ignorância, da miséria e da desigualdade crônicas.

Sem produção - não mera reprodução - de conhecimento, que contemple a possibilidade de análise crítica, não iremos a lugar algum e permaneceremos ad aeternum reproduzindo o que os outros criarem, pagando por isso e exportando commodities. A universidade pública é quem pode e tenta romper esse círculo vicioso, até porque, se formos verificar, veremos que quaisquer dados estatísticos que se examinem revelarão que são essas IES as responsáveis pela esmagadora maioria das pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas em nosso país.

É óbvio que há instituições de Ensino Superior privadas que desenvolvem, em vários setores, pesquisas de ponta, mas, repito, são minoria se comparadas com as universidades públicas.

A ânsia privatista que assola o país e que visa, em última análise, o desmonte da estrutura estatal para entregá-la ao "mercado" e à iniciativa privada, se vitoriosa, acabará, na área educacional, por jogar fora preciosos recursos financeiros e capital humano altamente qualificado já investidos em benefício da sociedade.

Santa Maria é o que é - para o bem e para o mal - pela inquestionável presença do Estado (servidores públicos civis e militares; antes, ferroviários, também servidores públicos). E, modernamente, nossa cidade, que, em 50 anos, quadruplicou seu tamanho, se confunde com o crescimento da UFSM. Crescimento que, de resto, incentivou a criação de outras IES, que vieram para suprir as lacunas que a Federal não pode preencher.

O que me espanta, particularizando nossa especialíssima situação, é que aqueles que nasceram, cresceram e vivem à sombra da UFSM façam coro às baboseiras vomitadas pelos arautos do liberalismo mais canhestro, que todos pensávamos superado pela evolução humana, aquele do fim do século XIX, do laissez faire, laissez passer.

É, são mesmo tempos de obscurantismo. E nem vou falar da volta da TFP (em forma de partido político).

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