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OPINIÃO: Vícios na política: ontem, hoje e sempre. Não nos iludamos!

Poderia ser diferente, mas não é. Sempre que se inicia um novo governo, e novo no sentido de mudança na corrente majoritária em cada eleição, renovamos a esperança de que mudará a forma, o costume e a prática de governar. Alguns tinham a esperança que, desta vez, seria diferente, seja pela mudança de orientação política, seja pelas promessas da campanha eleitoral. Quem conhece um pouco da história do Brasil e de seu povo, não nutria grande esperança, ainda que já satisfaria uma pequena melhora, posto que impossível uma quebra total de paradigmas. Entretanto, a experiência vivida até aqui está se renovando. Percebe-se, claramente, que o grupo que governa tem as mesmas práticas e qualquer contrariedade é segundo turno; não aceitam o resultado os perdedores, etc. Ao contrário, os que não conseguem vencer, é porque são perseguidos; são vítimas de fraudes eleitorais.

Para ambos, o inimigo principal é a mídia, responsável por denunciar as práticas ilícitas e/ou imorais. Todos, entretanto, sustentam a mídia com somas gigantescas de recursos públicos. O governo que saiu exagerou e as investigações, possíveis a partir de 1988, levaram seus principais líderes à condenação e/ou processos em andamento. Alguns sequer eram do grupo que comandava a nação. Também por isso, a maioria da população optou por um governo que prometia lisura absoluta e intransigência com tudo que pudesse não ser correto.

Eleitos, começaram as notícias do que já esperávamos; candidatos a ministros condenados por improbidade. Recebimento de recursos em caixa dois e esse mesmo, hoje ministro, prestando contas na Câmara Federal com 40 notas em sequência, por empresa que sequer estava registrada no CRC, o que requereu terça passada, depois de autuada. Nunca pagou ISSQN para o município de Porto Alegre e está inepta junto a Receita Federal por não pagar impostos. Mas tudo isso é possível porque filiado ao DEM e há mais de 20 anos presta serviços ao hoje ministro Onyx.

O ministro, instado a explicar, afirmou que não tem nada de ilegal. Tem sim. Há indícios de no mínimo falsidade ideológica e sonegação fiscal. Ainda que assim não fosse, é absolutamente imoral e antiético. Para completar, logo depois de eleito, a AGU, futura subordinada, em 20/12/2018, anulou multa antes impostas em 2012 ao hoje presidente, por pesca irregular em Angra dos Reis. Presidente não pode ser devedor da União. Logo, se resolve anulando a multa e dívida. E se fosse alguém em outra situação? Um cidadão brasileiro qualquer? O Ibama ou a AGU teriam o mesmo comportamento? Menos de um mês da posse, o filho do vice-presidente é promovido no BB triplicando o salário. Tem mérito. É competente, mas não é momento de premiar os aliados e parentes.

Isso, além de imoral, antiético é nepotismo, ainda que cruzado e não direto. Há outros inúmeros exemplos de imoralidade com menos de um mês de governo. Só para lembrar o caso do assessor Queiroz do deputado Flavio Bolsonaro no Rio de Janeiro, ainda hoje sem qualquer explicação. Parece que se repetirá o que sempre presenciamos e nos acostumamos a relevar. Como disse a feminista e filósofa Simone Beauvoir: "O mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles." E tudo continuará como sempre foi, desde Dom João VI. Ou alguém tem a ilusão de que vamos corrigir?

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