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OPINIÃO: Sobre muros e muralhas, a história a se repetir

Muros estão por toda a parte. Em geral, até em nossas casas. Muros na área urbana e cercas na zonal rural foram erigidos como símbolos da propriedade privada, mas, hoje, falam muito mais de segurança e proteção. Em todo o caso, continuam a serem barreiras.

Queremos tratar é de muros coletivos, separando regiões, povos, países. Existem desde a Antiguidade. Nesta e na Idade Média, eram comuns povoações e cidades serem cercadas por muralhas.

Nenhuma foi tão majestosa e como tal até hoje permanece, apesar da deterioração milenar, como a Grande Muralha da China. Sua construção iniciou antes da era cristã e se alongou por dois mil anos e várias dinastias do império chinês, com diferentes enfoques, razões e engenharias. Tem em torno de oito mil quilômetros. É algo grandioso, impressiona quem tenha a oportunidade de visitar ou aqueles que veem as imagens pelos meios que hoje dispomos. Foi eleita uma das "sete maravilhas do mundo moderno".

Na segunda metade do século XX, construção bem menor e sem ser maravilha arquitetônica, tornou-se de enorme significado geopolítico e ideológico: o Muro de Berlim. Neste caso, edificação visando evitar o contato entre a Alemanha Oriental, de influência soviética, e a Ocidental, oriunda da ocupação das potências Estados Unidos, Grã-Bretanha e França ao final da Segunda Grande Guerra. Virou símbolo da Guerra Fria entre o capitalismo ocidental e o comunismo soviético. Construído em 1961, durou até 1989, quando o governo da Alemanha Oriental, nos seus estertores, declarou a liberdade de circulação das pessoas para o outro lado da fronteira. O povo derrubou, então, o muro. E, com ele, uma época, um tipo de ver o mundo, uma forma de Guerra Fria. Houve até quem se entusiasmasse e proclamasse o fim da história. Esta continua e seguirá adiante, eivada de novos conflitos e questões.

Mais recente é o muro da Cisjordânia, construção israelense separando suas terras das habitadas por palestinos, onde os conflitos são contínuos até hoje.

Pois não é que a humanidade está às voltas com novo impasse sobre um muro em pleno terceiro milênio!? Agora é o muro que o Sr. Trump quer construir na longa fronteira entre Estados Unidos e México. Se muros existiram para evitar invasões de tropas inimigas ou a fuga de cidadãos, este será um muro para impedir quem deseje entrar pacificamente no país e nele encontrar possibilidades de vida. É a crise migratória, cada vez mais um fenômeno do nosso tempo.

No caso dos norte-americanos, o debate é curioso porque, lá, o orçamento não parte de um projeto do Executivo como aqui. É o Congresso quem elabora o projeto e vota o orçamento dos Estados Unidos. Ao presidente, cabe o direito de algum veto, mas nada pode acrescentar, e o Sr. Trump não consegue incluir os bilhões que deseja para construir o seu muro.

Certamente, outros muros existem. Nem sempre físicos, mas sempre apartadores. Muros entre classes, raças, grupos sociais. Escudos de proteção para ataques espaciais. Outros, cibernéticos. Tantos tipos deles. São realidades, em alguns casos, necessidades. Mas, bloqueiam esperanças a respeito da humanidade em pleno século XXI.


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