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O contraponto ao que escrevi

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Sempre que emitimos opinião sobre determinado assunto, vamos agradar a algumas pessoas e desagradar a outras. Quem não quiser assim, é só não expressar suas opiniões ou sentimentos. Na última coluna, intitulada O passarinho e a gaiola, manifestei minha contrariedade em relação aos pássaros engaiolados. Prezo muito a liberdade de todos os seres e a questão dos pássaros é muito emblemática sobre esse tema. Recebi manifestações de apoio e, por certo, outras pessoas não concordaram ou não gostaram do que leram. Isto é normal e salutar. Dentre as manifestações, recebi um contato cordial da Sociedade Ornitológica Santamariense, expondo-me outro ângulo de análise. E faço questão de relatar o que me foi passado, trazendo o contraponto ao que escrevi.

De acordo com os criadores, suas aves não fazem parte das espécies nativas do Brasil e aqui chegaram de forma legal e autorizadas pelas autoridades competentes. Procuram manter o bem-estar dos pássaros, a partir de uma boa alimentação e dos cuidados necessários para a sobrevivência, o que inclui, também, a proteção contra predadores, propiciando que os mesmos vivam por mais tempo do que se estivessem soltos na natureza. A manutenção de pássaros em espaços confinados também auxilia decisivamente na preservação de espécies ameaçadas pelo avanço do homem em seus ambientes naturais. Portanto, os que se colocam contrários, por uma visão distorcida que lhes faz parecer estarem agindo na defesa destes animais, na verdade estão prejudicando a vida e o futuro destas aves de estimação e suas espécies.

Outro ponto salientado é de que a criação em ambiente doméstico traz as condições adequadas para a reprodução. Já na natureza, qualquer incidente significativo, como falta de alimento, traumatismo físico ou estresse, que altere o seu frágil equilíbrio hormonal, por mínimo tempo que seja, possivelmente ocasionará a interrupção do ciclo. Não interessa aos criadores serem meros possuidores e mantenedores de aves. A criação só faz sentido a partir da possibilidade da geração de novas vidas.

A possibilidade de soltura das aves domésticas também é rechaçada. Alegam que a introdução inadequada delas na natureza seria um crime ambiental, bem como crime de maus-tratos por abandono de animal incapaz de sobreviver sem os cuidados necessários, tanto quanto se abandonarmos um cachorro doméstico em via pública.

Através do contato que recebi, fui convidado a visitar um criadouro de aves exóticas, onde são mantidos pássaros e periquitos de várias espécies, originários da África, Ásia e Oceania. Pude ver alojamentos limpos, protegidos e com espaço para as aves se exercitarem com voos curtos. Pareciam saudáveis e havia filhotes, pois é época de reprodução. Restaria saber se esses cuidados são adotados por todos os criadores, bem como se todas as aves engaioladas não fazem parte das espécies nativas do Brasil. É importante esclarecer, também, que o local que gentilmente fui convidado a visitar é bem diferente da grande maioria das instalações de aves confinadas, em virtude da boa estrutura que possui.

Mantenho opinião contrária à criação de pássaros em gaiolas, por entender que a essência de um pássaro é voar, bem como pelos princípios de liberdade que carrego. Porém, fiz questão de relatar os argumentos dos criadores e externar meu respeito a todos que pensam de forma diferente ao que escrevi. Procurei expor os dois lados da moeda. Acredito que, com isso, o leitor tem condições de formar opinião sobre o assunto.

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