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Exatamente aqui, diante de uma tela, pergunto a mim mesmo para quê por cá estou. Sento-me diante delas em Tiradentes - como agora - em São Paulo e em Paris, para ensaiar literatura e/ou pareceres que me peçam. Como não trabalho com direito penal e direito eleitoral, os momentos pelos quais hoje passamos só me dão inspiração para fazer literatura...
Pois lá vou e, de repente, retorno ao passado. À década dos oitenta, quando participei de um congresso promovido pela Faculdade de Direito da UFMG, em Belo Horizonte. Assim que terminei minha palestra, um homem idoso aproximou-se de mim e cumprimentou-me pelo fato - afirmou - de Rudolf von Ihering ter permanecido o tempo todo atrás de mim, a conformar tudo quanto eu expusera. Virou-se sorrindo e se foi, eu perplexo, pleno de espanto. Pois embora ele esteja presente na memória que conservo de seus livros, von Ihering partiu deste mundo em setembro de 1892. E mais, fascina-me ainda o fato de ter ouvido exatamente a mesma afirmação alguns anos após, novamente em Belo Horizonte, de uma moça cujo nome não consigo lembrar.
Ele está presente no quanto escrevo e afirmo em palestras em torno do Direito, mas nossa outra proximidade é formidável!
O filho mais velho de von Ihering, Herman veio para o Brasil em 1880, permanecendo no Rio Grande do Sul até 1883. Foi-se então para São Paulo, passando a dirigir o Museu do Ipiranga. Seu filho, Rodolpho von Ihering, nascido em Taquara, foi um maravilhoso zoólogo, tendo escrito inúmeros livros, dos quais tenho alguns junto a outros do seu avô!
Mas não é só, pois fui amigo bem próximo de suas bisnetas, especialmente de dona Maria von Ihering de Azevedo, que me surpreendeu com mais de um gesto de amizade para sempre. Primeiro, quando a visitei, com o Mario Losano, em sua casa, em São Paulo, em 19 de agosto de 1991 - sem imaginar que ela soubesse que era o dia do meu aniversário e houvesse preparado uma festa de surpresa para mim. Depois, em dezembro de 1992, quando falei durante uma homenagem ao seu bisavô, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. E no dia da minha posse naquele tribunal, em Brasília, lá ela foi me cumprimentar!
Mais, magicamente, minha amizade de juventude com sua tataraneta, Maria Lúcia, que conheci no velho Esporte Clube Pinheiros, amizade desdobrada nos que vieram depois de nós.
É assim mesmo, realmente. Meu amigo Rudolf partiu do agora há mais de 100 anos, mas permanece ao meu lado. Reaparece seguidamente no quanto escrevo e junto a mim, quando estou a fazer palestras, bastando-me somente, a esta altura, preparar-me para um novo encontro nosso lá pelas bandas do Paraíso. Lá estaremos, certamente - não sei quando - todos juntos, reunidos.